Por Antonio Dadalti

Há séculos as epidemias, pestes e cataclismos mudam constantemente o ambiente que os seres vivos conhecem e dominam. Quando esses eventos terminam só os mais fortes ou os mais hábeis sobrevivem e então se reorganizam, alterando a antiga distribuição de poder.

Se esses cataclismos não tivessem exterminados os dinossauros certamente hoje eles dominariam a terra e o homem nunca teria iniciado seu ciclo de vida, mas o planeta está em constante movimento, reestruturando com essas “crises existenciais” o equilíbrio de forças entre os mais fortes e os mais hábeis e mesmo sendo o mais fraco dos animais, a habilidade do homem permitiu que ele ocupasse o topo da cadeia alimentar, reorganizando as forças de poder no planeta.

Na economia o processo é o mesmo, apenas os intervalos de tempo são mais curtos e os eventos menos agressivos, mas os estragos são igualmente devastadores.  A cada grande movimento econômico há uma reorganização do mercado, assim empresas mais lentas, os dinossauros modernos, sofrem um impacto maior dos cataclismos econômicos e sucumbem perante as organizações mais leves e hábeis, que rapidamente se adaptam as novas condições e sobrevivem.

Países que dominavam mundialmente mercados específicos como o automobilístico por exemplo, os Europeus e os EUA, viram nos últimos 30 anos sua participação diminuir drasticamente com a chegada dos asiáticos, primeiro o Japão, depois a Coreia e a agora a China, porque eles desenvolveram produtos mais modernos, práticos e econômicos, adaptando-se mais rapidamente aos efeitos das diversas crises que o mundo enfrentou nesse período.

Uma organização quando começa a crescer tende a ficar pesada e com grande custo fixo, com ponto de equilíbrio perigosamente alto e dependente de grandes volumes de venda, como um viciado que precisa aumentar sempre a dose da droga para se satisfazer. Geralmente empresas assim se afastam dos clientes, pois não tem tempo para cuidar deles e assim perdem seu principal patrimônio. Essa empresa vai morrer na próxima crise de mercado que enfrentar.

Empresas fortes tem custo fixo baixo, capacidade de adaptação a novos ambientes e principalmente precisa estar sempre perto do seu cliente, saber suas novas necessidades, antecipando-se na oferta do que lhe interessa evitando que o concorrente faça isso antes. Diante de uma nova crise seus executivos precisam ter agilidade e autoridade para agirem e tomarem as medidas necessárias, sem longas reuniões e discussões com quem muitas vezes não entende o que está acontecendo, situação muito comum em multinacionais que precisam explicar para seus chefes do outro lado do mundo situações regionais que nunca serão entendidas por eles. Principalmente se estivermos falando de assuntos do Brasil.

No mercado de caminhões, o cliente durante uma crise econômica estará sempre mais aberto a ouvir novidades se perceber que pode ter uma redução do seu custo, situação que em condições normais de mercado aquecido nem seria levada em consideração.

Por isso devemos aprender com as crises, elas são benéficas e purificadoras, empresas grandes ou pequenas que sobrevivem a esses eventos sempre saem mais fortes, mais leves e criativas. É sempre uma boa ocasião para varrer o lixo para fora da casa e retomar as boas práticas de mercados que tínhamos esquecido nas vacas gordas.

*Antonio Dadalti, sócio diretor da ADADALTI ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA, é um dos mais experientes executivos da indústria automotiva.