por Elizabete Vasconcelos

Considerado por especialistas um dos principais vilões quando o assunto é o impacto ambiental, o setor do transporte rodoviário tem procurado reduzir os reflexos da atividade no meio ambiente, principalmente para reverter a imagem pouco positiva causada atualmente por quem polui. Neste cenário, a indústria de pneus – tendo como aliado o setor químico – tem se movimentado para apresentar ao mercado pneus “mais verdes”, que dependam menos de recursos naturais para sua produção.

EPDM será produzida por meio da desidratação do etanol
EPDM será produzida por meio da desidratação do etanol

De olho nesta demanda, a Lanxess – empresa alemã que atua no setor químico – está desenvolvendo componentes não derivados de petróleo para atender o setor. O destaque fica por conta da primeira borracha de Etileno Propileno Dieno (EPDM) a base de cana de açúcar. Esta é a primeira vez que o componente, com diversas aplicações no setor automotivo – inclusive em pneus -, será produzido por meio da desidratação do etanol. Até então o produto era composto por derivados fósseis.

Estimativas da companhia apontam que da produção total de pneus até 2015, prevista em dois bilhões de unidades em todo o mundo, 50% devem ser feitos com componentes que agridam menos ao meio ambiente. Hoje, dos 1,6 bilhão de produtos saídos das fábricas, 35% são “verdes”. Este aumento deverá acontecer, principalmente, devido a legislação de rotulagem de pneus que exigirá borrachas de alta performance na produção e que passará a vigorar na União Europeia nos próximos anos.

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Ainda segundo a empresa, a procura por este tipo de componente deve crescer ainda mais, já que medidas semelhantes às adotadas por países europeus estão em discussão no Brasil, nos Estados Unidos e na China.

Outras empresas que estão colocando suas expectativas em componentes sustentáveis para a produção de pneus são a Michelin e a Amyris, companhia que atua na área de produtos químicos renováveis e combustíveis. Ambas acabaram de formalizar um acordo de colaboração para o desenvolvimento e a comercialização do isopreno – um dos principais componentes químicos em pneus e outros produtos que utilizam borrachas naturais e sintéticas. Com a parceria, as duas empresas compartilharão os custos e os recursos técnicos para desenvolver a tecnologia necessária para a produção do isopreno a partir de matérias-primas renováveis. Hoje, o componente é derivado do petróleo.

A expectativa é que a comercialização deste componente para uso em pneus e outras aplicações como em adesivos, revestimentos e selantes seja iniciada em 2015. Sendo assim, a Michelin está comprometida com o escoamento de volumes do produto durante dez anos. Já a Amyris detém o direito de vender seu isopreno de fontes renováveis para outros clientes.