Por João Geraldo

Depois de uma fase de implantação que começou em 2006 para preparar a fábrica de caminhões da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e também a sua rede autorizada – formada hoje por mais de 160 concessionários plenos, além de cerca de 40 pontos de atendimento para vendas de peças e atendimento pós-venda – a montadora passou a disponibilizar, em fevereiro, o MBKS, sistema que permite ao transportador configurar o caminhão do jeito que ele deseja, na hora da compra. Antes de ser implantado, os veículos eram montados conforme planejamento da produção e deixados em estoque à espera do comprador.

Ligado diretamente à fábrica por computador, o MBKS possibilita que a produção monte o caminhão do jeito que foi solicitado pelo cliente no momento que realizou o pedido na concessionária. Além disso, ele fica sabendo na hora a data que o veículo lhe será entregue. André Perandin, do departamento de marketing da montadora, diz que se trata de uma ferramenta, que dá ao cliente a real possibilidade que ele precisa, inclusive através de pacotes de itens. Disponibilizados conforme o veículo e sua aplicação, rodoviária ou urbana, os pacotes são também diferenciados dependendo da família de caminhões, Axor, Atego, Accelo ou L 1620, modelo que pode ter, por exemplo, tanque de 300 litros, vidro com levantamento elétrico e banco do motorista com amortecimento hidráulico.

“O sistema nos permite configurar o caminhão cliente a cliente, com características específicas para cada demanda, e com isso a elaboração do pedido é praticamente personalizada, o que faz da nossa consultoria um diferencial do mercado”, explica Eustáquio Sirolli, gerente de marketing de produto da Mercedes-Benz. O sistema possibilita a simulação de várias configurações, de modo que a necessidade do transportador praticamente define o tipo de caminhão a ser produzido. Sirolli explica ainda que além das configurações básicas do veículo, o MBKS disponibiliza pacotes de itens elaborados pela fábrica, o Premium e o Especialista.

Previamente elaborados pela fábrica, estes pacotes tornam o caminhão básico mais “completo”, como se diz no mercado, e incluem itens que privilegiam principalmente o conforto do motorista. A linha Premium, por exemplo, aumenta o valor agregado do veículo, enquanto a linha Especialista inclui pacotes com a composição de itens elaborada de acordo com as aplicações específicas, como os caminhões que transportam valores, distribuição urbana, coleta de lixo, basculante, betoneira e utilização militar. “No mercado de automóveis de passeio são os chamados pacotes de opcionais e no caso dos caminhões o cliente pode solicitar o veículo básico ou completo (Premium)”, compara André Perandin. Ele destaca que no caso do cliente retirar algum item do pacote o caminhão perde o título de Premium. Em 2008, ano da implantação do sistema na rede de concessionários,a fábrica recebeu 28 mil acessos e 600 composições. Ele acredita que este ano o sistema deverá superar a casa de mil composições.

Antes da implantação do MBKS, 85% dos caminhões da marca saiam da fábrica na cor branca, e o restante nas cores azul e vermelho, na proporção do 50% para cada uma. Após
o sistema entrar em operação, André Perandin diz ter notado uma queda do branco para 65% das encomendas. Ele adiantou que devido a esta mudança de filosofia, a Mercedes-Benz já está introduzindo cores metálicas grafite, azul e vermelha.

“Fazemos do jeito que o cliente quer”, assinalou Perandin. Em relação à rede de concessionários, afirma que a aceitação ficou muito acima das expectativas da montadora,
porque antes uma consulta do vendedor chegava a demorar até 10 dias para ter um retorno da fábrica, e hoje a resposta é dada no momento que ele está atendendo o cliente. O sistema já existe há anos na Alemanha e foi adaptado para o mercado brasileiro e o caminhão é entregue no prazo máximo de quatro meses. “O cliente sai da concessionária com a proposta pronta, na qual constam o valor do veículo e o prazo da entrega”, finalizou.