Por Evilazio de Oliveira

Enquanto os carreteiros que dirigem caminhões mais modernos procuram se adaptar à utilização do diesel S-10 (que substituiu o S-50 e segue normas internacionais de controle ambiental e da emissão de gases poluentes) ainda há quem não saiba bem a diferença entre um produto e outro e quais os tipos de caminhões que podem utilizar cada um deles. Em princípio, é simples: os modelos mais antigos podem utilizar o diesel S-10, porém, os novos, produzidos a partir de primeiro de janeiro de 2012, não podem utilizar o diesel comum. “O velho usa o novo, o novo não pode usar o velho”, explica um frentista.

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Na opinião do carreteiro Edinei da Silva Roldão, além de ser um produto ecológico, o novo diesel dá mais torque ao motor do caminhão nos trechos de subida

Para o carreteiro Edinei da Silva Roldão, 32 anos e oito de profissão, natural de Cachoeirinha/RS, motorista de uma carreta cegonha tracionada por um cavalo-mecânico ano 2012, o uso do diesel S-10 é uma beleza, pois além de ser um produto ecológico, dá mais torque ao motor nas subidas. “E também é mais econômico, compensando o preço mais caro em relação ao diesel comum”, salienta. Ele transporta automóveis de passeio, da montadora GM, em Gravataí/RS para a GM de Rosário, na Argentina, e no retorno traz veículos da mesma marca, porém de outro modelo, rodando com um peso médio de 30 toneladas. Diz que abastece sempre com o óleo recomendado pelo fabricante do caminhão, e na Argentina utiliza o produto equivalente, que é fornecido pela YPF.

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Apesar de usar somente diesel comum, porque seu caminhão não é novo, Lodegério Guedes mantém a manutenção em dia para economizar e evitar fumaça

Natural de Uruguaiana/RS e viajando entre Rio de Janeiro, São Paulo e Buenos Aires e Córdoba, na Argentina, o carreteiro Luiz Fernando Gama, 38 anos e 10 de profissão, sempre utilizou o diesel comum no Iveco 2010 que dirige. Afinal, diz ele, não há necessidade de usar o diesel S-10 porque o caminhão não é novo. E também, porque abastece conforme determina o patrão. Mas, segundo sabe, apesar de ser mais caro, o S-10 melhora o desempenho do caminhão, além de ser mais econômico. Fernando Gama costuma abastecer os três tanques antes de viajar para a Argentina, garantindo combustível para todo o trajeto. Acredita que o produto brasileiro é melhor do que o argentino, além de custar mais barato, atualmente. Lembra que fez curso de direção econômica, por isso, além de dirigir com segurança faz sempre uma boa média de consumo nas estradas brasileiras ou argentinas, apesar das diferenças.

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Em seu país os combustíveis são semelhantes, diz o chileno Daniel Rosas, acostumado a abastecer com diesel comum quando está na Argentina ou Brasil

Lodegério Guedes, 50 anos de idade e 15 de estrada, natural de Curitiba/PR, trabalha com um caminhão 2003 transportando produtos químicos entre São Paulo e Buenos Aires. Embora só utilize diesel comum, ele sabe muito bem dos benefícios do S-10 no desempenho dos caminhões novos e no controle das emissões de gases poluentes. E com isso ele procura manter seu caminhão sempre com a manutenção em dia, regulado e com os bicos injetores limpos, uma maneira de economizar combustível, melhorar o desempenho e evitar fumaça no escapamento, diz ele.

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Dono de um caminhão fabricado em 2009, Alexandro de Borba usa tanto diesel comum quanto o S-10 e diz que não vê diferença no desempenho do veículo

O chileno Daniel Rosas, 40 anos de idade, 19 de estrada e há 15 viajando para o Brasil, dirige um Freightliner fabricado nos Estados Unidos, tido por ele como um bom caminhão. Ele transporta carga seca entre Santiago e São Paulo, chegando a ficar longe de casa cerca de 20 dias por mês. Depois descansa por uma semana, enquanto é feito vistoria mecânica no “poderoso” (como ele diz) e são feitos os acertos finais para a nova viagem. Explica que no Chile o diesel comum é semelhante ao S-10 brasileiro e, mesmo quando abastece na Argentina com o diesel comum, não sente diferença no desempenho do motor. No Brasil, também só abastece com o comum e “tudo bem”. Não acredita que possam surgir problemas com o uso de três tipos diferentes de combustível, pois sempre trabalhou assim, e sem problemas. Porém, para os caminhões novos, projetados para o uso de determinado combustível, daí sim podem ocorrer problemas. Lembra que a maioria das estações de serviço do Brasil, Argentina e Chile oferecem esse tipo de diesel mais limpo, não havendo preocupação para os carreteiros que trafegam nesses países. Todavia, não convém se descuidar, adverte.

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Sócio de Alexandro, Ilceo Reolon tem um modelo 2010 e também só abastece com S-10 na cooperativa, que oferece um preço “especial” para o novo combustível

Os carreteiros Alexandro de Borba, 25 anos de idade e cinco de profissão, e Ilceo Reolon, 39 anos e 16 de profissão, naturais de Serafina Correa/RS, são amigos há muito tempo e sempre que possível procuram viajar juntos. Alexandro tem um caminhão fabricado em 2009, com carreta, e Ilceo é dono de um bitrem puxado por um cavalo-mecânico fabricado em 2010. Ambos são sócios da Valelog – Cooperativa de Transportes do Vale do Taquari Ltda., de Arroio do Meio/RS, onde antes de cada viagem enchem os tanques com o diesel S-10, vendido a preço especial. Mas, só abastecem com esse diesel na cooperativa, depois passam a utilizar o diesel comum, que é mais barato e não faz a mínima diferença no desempenho dos caminhões, conforme dizem. Quanto à fumaça do escapamento, também não notam diferença. “Os caminhões estão sempre bem regulados, com os bicos injetores limpos e tudo em ordem”, garantem. Eles pretendem continuar rodando com o diesel comum, e com o S-10 só quando abastecerem na cooperativa, por causa do preço. “A não ser que a gente pegue um caminhão novo e seja obrigatório”, afirmam categóricos.

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O frentista José Antônio Rodrigues Ferreira, que trabalha em posto próximo à fronteira, diz que a venda de diesel S-10 e diesel comum se equivalem

Eventuais dúvidas que os carreteiros possam ter com relação aos tipos de diesel disponível nas bombas do Posto Conesul, na BR-290, entrada de Uruguaiana/RS – fronteira do Brasil com Argentina – são esclarecidas pelo frentista José Antônio Rodrigues Ferreira, 33 anos de idade e há dois na profissão. Com ar sério, ele explica que os caminhões novos precisaram se adaptar às novas leis de controle ambiental, daí surgiu o diesel S-50, com menor índice de enxofre e menos poluente. “Era um diesel de transição, até que o pessoal fosse se adaptando e foi substituído pelo S-10”, diz ele. O frentista lembra também da necessidade do uso do ARLA-32 pelos novos caminhões e explica que se trata de uma solução que vai num tanque separado.

Diz também que no posto onde trabalha a venda de diesel S-10 e diesel comum são equivalentes. Ressalta que os caminhões grandes e modernos, de “tiro longo”, geralmente abastecem com o combustível novo, assim como os argentinos. Acrescenta que os caminhões velhos podem usar o combustível novo, porém os caminhões novos não podem usar o diesel comum.