Por Evilazio de Oliveira

O Despoluir – programa ambiental da CNT (Confederação Nacional do Transporte) implantado em 21 Estados, com a entrega às federações de transportes de 54 veículos equipados com opacímetros (equipamento utilizado para medir a poluição produzida por veículos a diesel) – foi lançado dia 11 de janeiro no Rio Grande do Sul, na unidade do Sest/Senat de Porto Alegre. O programa já realizou mais de 21 mil aferições em veículos de cargas e de passageiros, contribuindo para diminuir a emissão de poluentes na atmosfera.

O lançamento do programa foi prestigiado pelo secretário adjunto dos Transportes de Porto Alegre, Fernando Michell, presidentes e representantes de federações de empresas de transporte e dos motoristas autônomos e de sindicatos da categoria, além de lideranças dos segmentos de transportes de cargas, passageiros e autônomos do Estado. As cinco unidades móveis do Despoluir destinadas ao Rio Grande do Sul atenderão as empresas e caminhoneiros autônomos na medição de poluentes emitidos por seus veículos.

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O gaúcho João Weinert mora no Chile com a mulher e filhas e não vê muitas diferenças em relação ao Brasil, mas lembra que a fiscalização sobre os veículos é rígida no País

Na ocasião, o presidente da Fetransul, Paulo Vicente Caleffi, afirmou que um dos objetivos primordiais do Despoluir é levar para a atividade transportadora a consciência e o compromisso com o meio ambiente, para reduzir a emissão de CO2, um dos principais causadores do aquecimento global, por potencializar o efeito estufa. O programa promove ainda o uso de energia limpa pelas empresas de transporte, caminhoneiros autônomos e taxistas e estimula a adoção de normas ambientais. Caleffi observou que além dos benefícios diretos ao meio ambiente e à população, o Despoluir vai proporcionar redução de custos às empresas transportadoras, aumento da eficiência operacional, melhoria do relacionamento com órgãos fiscalizadores e novas oportunidades de negócios, com o desenvolvimento de projetos de crédito de carbono e a adoção de tecnologias limpas.

O carreteiro João Dutra Weinert, 50 anos e 31 de profissão, é um gaúcho de Porto Alegre e que desde 1990 mora em San Felipe, distante 70 quilômetros de Santiago do Chile, sede da transportadora em que trabalha. Mudou-se com a mulher e duas filhas por considerar que teria melhores condições de trabalho e melhoria de vida. No entanto, como profissional reconhece que a situação não é muito diferente do Brasil.
Ele dirige um Iveco 95 e garante que está de acordo com a legislação dos países pelo qual trafega. O Chile exige que os todos veículos automotores tenham um certificado que ateste o nível dos gases contaminantes. Lembra que por se tratar de um País pequeno, a fiscalização é muito rigorosa e mais fácil de ser feita. A vistoria das emissões de gases é realizada a cada seis meses e se o veículo não estiver de acordo não pode trafegar.

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Preocupado com o meio ambiente, o carreteiro Claudecir Lins diz que separa todo o lixo que produz durante as viagens, além dos cuidados com o caminhão

Na opinião do estradeiro Claudecir José Lins, 38 anos e 13 de volante – e natural de Xanxerê/SC -, a preservação da natureza é o dever de todos. Por isso, além dos cuidados com o caminhão, ele se preocupa também em juntar todo o lixo produzido durante a viagem. Ao final de cada refeição que ele mesmo prepara, separa o lixo seco e orgânico em sacolas diferentes e leva para casa, para que os seus filhos possam participar das campanhas de coleta de resíduos sólidos. Quanto ao caminhão, um Scania 95 atrelado a um bitrem, Claudecir lembra que a empresa faz toda a manutenção e tem certeza que tudo está funcionando direito. Salienta que além da poluição, o motor também vai perder potência e consequentemente aumentar o consumo de combustível, coisa que ninguém quer. “A cada seis meses o caminhão passa por uma revisão geral, de bomba, filtros, bicos injetores. Agora, um grande responsável pela fumaceira é o biodiesel”, afirma ele.

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Marlon Sarmento diz que se preocupa com os índices de emissões e faz regularmente inspeção técnica sobre emissão de gases do seu caminhão

Marlon Machado Sarmento, 39 anos e 15 de profissão – natural de São Borja/RS – é outro motorista que se preocupa com a poluição que possa ser gerada pelo caminhão. Ele dirige um Scania 94 no transporte internacional, quase sempre entre Otacílio Costa/SC e Buenos Aires, na Argentina. E precisa, obrigatoriamente, fazer uma revisão técnica sobre emissão de gases. Nessa inspeção é verificado o nível de fumaça produzido, índice de poluição, freios, faróis, retrovisores entre vários itens. Essa vistoria técnica precisa ser feita a cada ano e custa R$ 340,00. Garante que o caminhão está “perfeitamente em dia”, pois acaba de sair de “uma geral” na qual foram gastos R$ 35 mil no cavalo e carreta. Ele cuida também da limpeza do veículo, com lavagens periódicas e o recolhimento do lixo, principalmente os produzidos pela “cozinha”, quando prepara as refeições. Acredita que caminhões e ônibus são grandes poluidores, daí a necessidade de mantê-los regulados e dentro da legislação sobre a emissão de gases poluentes.