Por João Geraldo

O setor de recapagem no Brasil conta com produção de quase oito milhões de pneus de carga, realizada por uma rede de cerca de 1.300 pontos de reforma e 118 fornecedores de matéria-prima. Mais de 60% do mercado está nas mãos de empresas que não fabricam pneus. E mais, além de oferecer qualidade, o pneu recauchutado custa cerca de 55% de um produto novo. Os números, que colocam o País como o segundo maior mercado mundial no segmento, atraíram a Continental a investir em reformas de pneus de carga para os transportadores, assim como já faz nos Estados Unidos, onde 90% dos pneus são recauchutados pelos próprios fabricantes, enquanto por aqui este número fica em torno de 35%.

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De acordo com o plano da empresa, até o final de 2012 já estarão em operação as duas primeiras unidades reformadoras, as quais trabalharão com a ContiTread, a banda de rodagem produzida pela Continental Pneus. No Brasil, a empresa tem fábrica instalada em Camaçari/BA, mas as bandas para recauchutagem serão importadas de sua unidade industrial em Morélia, no México, uma das mais modernas do Grupo.

O investimento inicial nas duas primeiras unidades está estimado em 800 mil a um milhão de dólares. “Estamos procurando parceiros no Brasil como já fizemos em outros países como Estados Unidos, México, Venezuela e Equador, entre outros”, disse Paul Williams, um dos executivos da área de pneus de caminhões nos Estados Unidos, que esteve no Brasil para o lançamento da Continental no segmento de recapagem de pneus.

Renato Sarzano, diretor-superintendente do Mercosul, destacou que a banda ContiTread é produzida com o mesmo composto dos pneus novos, e com os mesmos desenhos. “Ela permite que o pneu continue oferecendo a mesma economia de combustível e o alto desempenho que são referência para os produtos da empresa em todo o mundo”, complementou. A meta da empresa é operar dentro do sistema que ela denomina de “ContiLifeCycle”, que inclui a vida do pneu novo, mais resulcagem (que pode aumentar até 25% a quilometragem), recapagem e destinação correta do pneu.

Sarzano adianta que os parceiros da empresa contarão com treinamento, suporte técnico e logístico da equipe da Continental desde a definição dos layouts até a seleção das máquinas. “Sabemos que para muitos deles será um negócio novo, mas que apresenta um grande potencial. O que estamos lançando é um programa de soluções em pneus”, concluiu. A estratégia da Continental é atrair três tipos de frentes: parceria com as revendas da marca interessadas em incorporar a reforma de pneus, empresas que já estejam atuando no segmento e também aquelas que tenham interesse em trabalhar no setor com a bandeira da Continental.

Paul Williams, disse que o foco da empresa é entregar ao transportador o custo de rodagem mais baixo, como faz em todas as partes do mundo onde a marca atua. Acrescentou que é necessário crescer, mas para isso acontecer é preciso ir além da venda de pneus e passar a oferecer soluções completas. Neste âmbito, ele citou o Conti Cost Calculation (CCC) uma ferramenta da empresa para o frotista calcular o custo operacional.

A ContiTread começa a operar no Brasil com bandas disponíveis em 11 desenhos para pneus com diversas opções de medidas e segmentos de longa distância, tráfego regional, urbano e construção. Os produtos podem ser aplicados em pneus de carga de qualquer outro fabricante, sendo que os pneus da marca contarão com uma garantia denominada C3, a qual – segundo a empresa – protege o pneu até o final de sua vida.

Fundada em 1871, na Alemanha, a Continental é atualmente a terceira maior empresa do mundo no fornecimento de autopeças. A divisão de pneus, por sua vez, conta com 22 fábricas e centros de desenvolvimento em várias partes do mundo. No Brasil, os pneus de carga são produzidos em planta instalada em Camaçari/BA, sendo uma das três do Grupo nas América, junto com as unidades do Equador e Estados Unidos.