Por Elizabete Vasconcelos
Conscientes dos riscos que correm com a falta de manutenção no caminhão, motoristas autônomos não deixam de realizar o procedimento, seja com a ajuda de mecânicos confiáveis ou até mesmo sozinhos. A preocupação em manter o veículo em bom estado, e dentro do possível usar apenas peças genuínas, também fazem parte dos cuidados para rodar sem problemas e com segurança, além de maior garantia em conseguir cargas, porque o contratante se preocupa com o estado do veículo que irá transportá-las.
“Os donos de cargas prestam atenção no caminhão do autônomo, se o veículo estiver com algum sinal de falta de manutenção, ou em mau estado, eles não entregam mercadorias para ser transportada. A ideia é que, um caminhão em péssimas condições pode quebrar na estrada e se isso acontecer, a carga dele vai atrasar para chegar ao seu destino”, explica Adelson Medeiros Nande, carreteiro com 42 anos de idade e mais de 23 na profissão transportando cargas variadas.
Outros profissionais, como o catarinense de Joinvile, Vanderlei Arnold, enxergam essa questão de manutenção como irrelevante para os transportadores, porque eles estão mais preocupados em conseguir alguém para levar suas cargas. Porém, Arnold diz perceber que eles prestam mais atenção no ano que foi fabricado o caminhão que fará o transporte. “Se o veículo for muito antigo, das décadas de 70 ou 80, já ficam desconfiados” conta. Proprietário de um modelo ano 2000, ele diz que não deixa de fazer revisões periódicas no caminhão. “Certa vez a embreagem deu problema e fiquei parado na estrada. Então sei que devo me prevenir para não passar por apuros quando viajo”, comenta.
Aos 54 anos de idade, 10 deles como autônomo, Carlos Alberto da Silva, que opera na rota São Paulo/SP, Salvador/BA e Fortaleza/CE transportando diversos tipos de carga, também defende que um veículo em boas condições traz mais chances de conseguir cargas. Mas, para manter seu caminhão sempre preparado para enfrentar a estrada, e ao mesmo tempo, economizar com os custos na oficina mecânica, ele próprio faz a checagem e a troca de itens básicos do seu veículo. “É importante conhecer ao menos a parte mais simples, porque quando surge um tempo durante as viagens, ou nas paradas rotineiras de descanso, dá para revisar os itens que precisam de melhorias”, acrescenta.
Carlos Alberto costuma carregar com ele um caderno para anotar tudo que precisa ser revisado ou trocado no caminhão. Porém, ele destaca que quando se trata da parte mecânica é inevitável escapar da despesa com um profissional. “Faço apenas as trocas de lonas, regulagem de freios e pintura, mas quando o assunto é motor, o correto é recorrer a uma oficina para não fazer besteira”, afirma.
Do mesmo modo que Silva, o autônomo pernambucano Robson Antônio de Souza, de 27 anos, faz por sua conta a manutenção preventiva do caminhão, inclusive se arrisca a revisar também o motor. “Tenho o hábito de dar uma olhada e fazer tudo o que é preciso antes de pegar uma nova carga, porque qualquer veículo – principalmente os pesados – têm sempre algo para ser reparado”, diz. Souza destaca que prefere ele mesmo fazer a revisão e manutenção do que pagar os altos preços cobrados em uma oficina autorizada, ou ter de ficar literalmente nas mãos de desconhecidos na estrada que se dizem mecânicos, mas só te enrolam e cobram valores absurdos por um serviço mal feito.