Por Daniela Giopato

Fotos Divulgação e arquivo

Trocar o caminhão por um zero quilômetros; experimentar as tecnologias embarcadas e o conforto dos novos modelos – e como consequência aumentar a eficiência do seu negócio – encabeçam a lista de desejos dos motoristas autônomos. Porém, antes de pensar em dar um passo tão importante é preciso pegar lápis e papel e fazer contas. Se organizar financeiramente e traçar um planejamento.

Atualmente, conseguir crédito já deixou de ser um grande problema, pois com o fim da carta frete o autônomo passou a movimentar contas bancárias e a comprovar renda. O cuidado maior a ser tomado é em relação aos juros e a avaliação de todas as opções disponibilizadas no mercado, para se chegar a uma parcela mensal que realmente caiba dentro do orçamento. Enfim, não “enfiar os pés pelas mãos”, como diz o ditado popular.

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É importante que o valor da prestação caiba no bolso do autônomo para que ele possa substituir o caminhão no final do contrato, diz Osmar Hirashiki, da Iveco
É importante que o valor da prestação caiba no bolso do autônomo para que ele possa substituir o caminhão no final do contrato, diz Osmar Hirashiki, da Iveco

“É importante que o autônomo opte pelo prazo e valor de parcela que caibam no seu orçamento, mantendo seu veículo atualizado, substituindo-o sempre ao final do contrato, optando pelo menor prazo possível, obviamente com menor desvalorização do bem no momento da troca por um novo”, destacou o diretor comercial da Iveco, Osmar Hirashiki. O executivo adverte que é muito comum o motorista contratado de uma empresa optar por adquirir um caminhão próprio e passar a ser um prestador de serviços para esta mesma empresa.

A grande vantagem para o motorista autônomo é a possibilidade de passar a atender novos clientes, além da empresa para a qual já trabalhava. Hirashiki diz que o caminho mais rápido para a aquisição de um caminhão da marca é a rede de concessionários, a qual está apta a oferecer ao autônomo todas as condições de financiamento disponíveis no Banco CNH Industrial para este segmento. “Aproximadamente 90% do portfólio de clientes do Banco CNH Industrial Capital é formado por empresas, e a participação dos autônomos vem se mantendo estável nos últimos anos”, informou.

Atualmente, as linhas de crédito via BNDES se destacam como as melhores opções do mercado. Porém, para a linha Iveco Daily, o Banco CNH Industrial, em parceria com a montadora, oferece linhas de CDC com taxas que atualmente variam de 0% a.m. em 12 meses até 1,59% a.m. para 60 meses. Para aquisição de caminhões médios e pesados, o Finame TJLP tem taxa de 1,02% a.m., em até 60 meses. Tanto o Finame TJLP quanto o CDC são opções disponíveis para atender o transportador autônomo.fin_scania-p310_db8x2_cabine-leito

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Somente a observação de que o valor da prestação cabe no bolso do autônomo não pode ser fator decisivo para a compra, alerta Alex Nucci, do Scania Banco

Para o diretor comercial do Scania Banco, Alex Nucci, a decisão de comprar um caminhão deve ser racional e fortemente orientada ao benefício que a troca trará à redução de custos operacionais e eventual aumento de capacidade de carga. “No caso do financiamento, recomendamos sempre que o cliente busque a melhor opção em termos de taxa e condições gerais. Vale a pena ressaltar que a mera observação de que a parcela “cabe no bolso” não pode mais ser o fator decisório atual”.

De acordo com Nucci, o autônomo que busca um financiamento geralmente é o profissional que já atua entre 10 e 15 anos no mercado e não se trata, portanto, de pessoas que estão se aventurando.

Nucci destaca que no caso de mercados das regiões Sul e Sudeste, geralmente os profissionais do volante atuam como agregados ligados a grandes grupos dos segmentos frigorificados, cargas industrializadas e gerais. Já nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste se percebe o carreteiro mais ligado a cargas “spot” (contratação fora do acordo com as transportadoras que já possuem contrato firmado), a exemplo do agronegócio e cargas de produtos industrializados.

“O maior contingente ainda é baseado em pequenas e médias empresas. Temos observado que em função do momento desafiador da economia, a participação do autônomo na maioria das regiões vem se mantendo estável. Eles são os primeiros a serem afetados quando se considera a necessidade de ajustes de custos por parte dos grandes grupos que os contratam. Além de sofrer com a diminuição natural de ofertas de fretes em momentos como o atual”, destacou Nucci.

O Scania Banco tem linhas de crédito próprias e ofertadas por meio do BNDES para apoiar o financiamento do autônomo. Em função do processo de análise de crédito – adicionalmente para as linhas Finame – são disponibilizadas o pagamento da entrada pelo parcelamento em até seis vezes, com contrapartida de garantia adicional. As taxas levam em conta o perfil do cliente. O Banco oferece opções como Finame, Pró Caminhoneiro e TJLP, além de produtos como o CDC, Leasing Financeiro e, se for o caso, Leasing Operacional.

“Embora atravessemos um momento desafiador da economia, o Finame ainda desponta como a melhor opção em comparação com as outras modalidades de financiamento”, opina.  Nucci observa que o Finame vem se aproximando de taxas praticadas em outros produtos, porém ainda mantém vantagem em termos de oferta de taxas competitivas.

Por outro lado, acrescenta que quando tratar-se de uma necessidade mais urgente por parte dos clientes, sempre é possível oferecer outros produtos como CDC, Leasing Financeiro e Operacional, com taxas competitivas. “Para o perfil do autônomo, produtos como Finame Pró Caminhoneiro e o TJLP são bem adequados. Eles garantem certa vantagem na taxa, e no caso do Pró Caminhoneiro é possível financiar caminhões usados e novos”, concluiu.fin_man-constellation-24

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Para o autônomo, compra à base de troca facilita aprovação do crédito da diferença a ser financiada, sugere Antônio Cammarosano, da MAN Latina America

Na MAN Latin America, as empresas possuem participação alta nos financiamentos de veículos zero KM, enquanto os autônomos têm a maior representatividade nos seminovos e pequena participação nos novos. O que cresceu foi o número de autônomos que viraram empresas e hoje possuem de dois a cinco caminhões. Geralmente, o autônomo que faz financiamento é aquele que possui um bom contrato de prestação de serviço, independente do segmento.

“Para comprar, o autônomo quer ter um bom contrato de prestação de serviços, o qual ajuda na aprovação do crédito, além de dar tranquilidade. O autônomo deve procurar fazer o negócio à base de troca, pois dessa forma facilita a aprovação do credito da diferença a ser financiada e facilita o acesso a taxas mais baixas”, explicou o diretor de vendas de caminhões da MAN Latin America, Antônio Cammarosano.

O executivo diz que hoje esse profissional tem vários caminhos para obter seu caminhão zero km, tais  como  os financiamentos tradicionais (CDC, Leasing, Consórcio) e, dependendo do segmento de atuação, as associações de classe possuem muitos benefícios para compras de veículos pesados. “O consórcio vem crescendo, principalmente os grupos que possuem entrega programada e parcela reduzida. Ele destaca que o cartão BNDES também é uma excelente ferramenta neste momento”.

Cammarosano acrescenta que hoje, em função da praticidade, o CDC com os Bancos Itaú (taxa de 1,47% a.m) e VW (taxa de 1,65% a.m) são os mais utilizados. Sugere que a rede de concessionários da empresa oferece diferentes grupos de consórcio com as administradoras Apta, BR Qualy, Gaplan, Maggi,  Servopa e Tarraf. Diz ainda que todas as opções se enquadram, mas entender o perfil do caminhoneiro para saber a melhor opção é necessário. “O autônomo que necessita trocar imediatamente o caminhão pode fazer isso a base de troca em toda a nossa rede de concessionários Volkswagen e financiar a diferença através de CDC a diferença”, finalizou.fin_volvo-25_vm-270-6x2-r-ishift-bau

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Geralmente o autônomo que financia sai de um caminhão com até 10 anos de uso para um modelo seminovo, comenta Valter Viapiana, da Volvo Financial Service

O diretor comercial da Volvo Financial Service, Valter Viapiana, explica que geralmente o autônomo que faz financiamento é aquele que sai de um caminhão usado, com oito a 10 anos de uso, para um seminovo com três ou quatro. Explica que cerca de 40% partem para um zero quilômetro  depois de passar por esse processo. Viapiana acrescenta que entre as diversas opções de financiamento oferecidas pelo VFS, o Pró Caminhoneiro é uma alternativa para o autônomo, firmas individuais e micro empresas.  “Somos o banco que mais tem usado esta modalidade para financiamento de veículos novos e usados. As taxas são as mesmas do Finame, entre 13% e 15% ao ano para 80% do bem e parcelas 60 meses.  O Pró Caminhoneiro permite adquirir até três veículos, e o cliente pode dar o veículo usado como entrada em sua negociação com as concessionárias”, esclarece.

Uma alternativa bastante utilizada pelos autônomos, conforme explica, é o CDC, com possibilidade de financiamento de até 100% do veículo em até 60 meses.  As taxas são superiores às do Finame, mas tem a vantagem de serem fixas, iguais do início ao final do contrato. “O CDC é uma modalidade com menos burocracia e mais rapidez para liberação do crédito e os clientes também podem usar seus veículos usados como parte de pagamento junto ao concessionário”. Outra modalidade bastante vantajosa para o autônomo é o consórcio, com contratos de até 100 meses e parcelas menores enquanto o cliente não for contemplado. Por esta modalidade ele paga apenas a taxa de administração, que é muito menor do que os juros de qualquer financiamento.

A Volvo Financial Service disponibiliza também as linhas de financiamento do BNDES (como o Finame, que financia 80% do veículo com taxas entre 13% e 15% ao ano e prazos de até 60 meses).  Para os clientes que desejam financiar 100% do bem é possível completar o financiamento via CDC, também com prazo de até 60 meses. “As cotações são específicas e de acordo com o perfil e necessidade de cada cliente. Na modalidade consórcio, a parcela para um caminhão VM 270 de R$ 230 mil, por exemplo, fica no valor de R$ 2.593,00 em 100 meses. Se o prazo for menor, a parcela será proporcionalmente maior. As contemplações podem ser via sorteio ou por lance”, conclui.fin_mercedes-atego-2429-implemento-2014

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A formalidade da profissão e os meios eletrônicos de pagamento de frete permitiram uma melhor avaliação do autônomo, lembrou Angel Martinez, do Banco Mercedes-Benz 

O diretor comercial do Banco Mercedes-Benz no Brasil, Angel Martinez, explica que o perfil do cliente varia entre aqueles que adquirem o veículo para ele próprio operar, para um funcionário, e o autônomo que se une a outra pessoa (da família ou amigo) para formar uma pequena frota. “O mais importante é o cliente operar no sistema bancário e ter histórico de financiamento para conseguir bom parcelamento, taxas e valor de entrada. A formalidade da profissão e os meios eletrônicos de pagamento do frete possibilitaram à instituição financeira avaliar melhor o autônomo e o crédito”, destacou. Martinez explica ainda que diferente do grande frotista – que recebe a visita dos profissionais do banco no momento da renovação da frota – o autônomo busca as informações diretamente na concessionária para comprar o caminhão. Por esse motivo a instituição disponibiliza funcionários em toda a rede para atender a esse público. “Como o autônomo não troca de veículo com frequência, a abordagem é em cima da qualidade e benefícios do produto, diferente das empresas que já conhecem o produto e estão focados na gestão da frota”, explicou.

Atualmente, a modalidade mais atrativa para o autônomo disponibilizada pelo Banco Mercedes no caso de caminhão zero é o Finame TJLP com taxas de juros entre 14 e 15%, entrada de 20% do valor do bem e parcelamento em cinco anos.  Já no caso de usados, o CDC aparece como melhor opção, com entrada de 20% a 30% e prazo de pagamento de até cinco anos. “O valor da entrada pode variar de acordo com perfil do cliente”, concluiu.fin_scania-p310_db8x2_cabine-leito

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Até 2013, quanto havia o PSI (Pró Caminhoneiro), com taxas bem mais atrativas, muita gente que nem era do segmento comprava caminhões, lembrou Oswaldo Ramos, da Ford

No caso da Ford, o financiamento pode ser realizado via Bradesco ou através de um distribuidor e operador financeiro. Porém, as principais opções disponibilizadas pela empresa são o CDC e algumas de FINAME (subsidiadas pelo governo federal). O CDC é um produto intermediado pelo banco e possui taxas menos agressivas que podem variar de acordo com o percentual financiado. Hoje a Ford atua com 1,80% ao mês na média. A companhia também tem linhas via BNDES mais atrativas, como o TJLP, Pró Caminhoneiro e PRONAMP (para agricultores). O TJLP e o Pró Caminhoneiro são muito parecidas, porém o Pró Caminhoneiro incide FGI (o que torna a operação mais cara).

O Finame TJLP é composto pelos índices TJ (que é fixa), Spread Bancário (que é variável)  e Spread BNDES, que nestes casos também são fixos. Atualmente ,o custo da TJ está em 7,5% a.a mais o spread bancário, que é negociável e pode variar de 3 a 6%, dependendo do risco do cliente, mais o spread BNDES de 1,60 (valor fixo para autônomos). O prazo é de até 72 meses, com financiamento de no máximo 80% do veículo. A carência é de seis meses e a taxa média mensal varia entre 0,96% e 1,18%;  a anual varia entre 12,10 e 15,10%.

No caso do Pró Caminhoneiro, as condições são as mesmas da TJLP, porém se tem a incidência do FGI (Fundo Garantidor de Investimento), calculado com base no valor financiado – e no prazo escolhido – o prazo se estende para até 96 meses. Atualmente é limitado a unidade por CPF –  e só pode iniciar outro quando acabar o atual

De acordo, Oswaldo Ramos, gerente nacional de vendas, marketing & serviços os produtos mais recomendados para os autônomos é PRONAMP (para agricultores) E o BNDES FINAME (PO2016) TJLP para os demais segmentos. Geralmente, a carteira é proveniente da atividade agropecuária e dos autônomos ligados à área de transportes de cargas. A média é de 50% para cada segmento. “A procura e aprovação vêm caindo nos últimos anos devido à sustentabilidade do negócio. Até 2013, quanto havia o PSI (Pró Caminhoneiro), quando as taxas eram bem mais atrativas, chegando a operar a 4,5% a.a, havia pessoas que nem eram do segmento e compravam caminhões. Menos incentivos do governo, regras e limitações, crédito apertado e queda na indústria como um todo fizeram diminuir muito a procura nesse segmento”, destacou Ramos. Ele conclui dizendo que o melhor caminho para o autônomo obter informações sobre financiamento é a rede de distribuidores, que contam com assessoria especializada que indicam o melhor plano.