Por Daniela Giopato

A chegada dos cartões eletrônicos para pagamentos de pedágio, frete, combustível e demais despesas geradas nas negociações do segmento de transporte rodoviário de cargas, foi umas das principais apostas para profissionalizar e reduzir a informalidade do setor, que segundo estimativa da agência de consultoria tributária Deloitte, em 2010, chegava a R$ 44 bilhões por ano. O Brasil possui mais de 1.000.000 de motoristas autônomos num mercado que movimenta cerca de R$60 bilhões ao ano e apenas 6% deste valor são, atualmente, gerenciados pelas empresas especializadas, dizem as consultorias especializadas.

É fato, que após o fim da carta frete, instituído há três anos, sancionada pelo Governo Federal e regulamentada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o interesse das empresas por esse mercado cresceu ainda mais e passou a ser bastante disputado. Bandeiras de cartões de crédito como Visa, Mastercard, entre outras, criaram produtos destinados aos motoristas de caminhões, com múltiplas funções, e aceitos em qualquer estabelecimento conveniado à bandeira e também firmaram parcerias com administradoras de meios de pagamento habilitadas pela Agência.

Atualmente, conforme a resolução nº 3.658, de 19 de abril de 2011, que regulamenta o pagamento do valor do frete referente à prestação dos serviços de transporte rodoviário de cargas, são 20 as administradoras de meios de pagamento eletrônico de frete habilitadas pela ANTT operando no País. A Roadcard é uma delas, e para atender a lei do pagamento do frete disponibiliza duas modalidades: o cartão Pamcard – este em parceria com o Banco do Brasil e Bradesco – e o depósito sendo que o motorista pode escolher o banco de sua preferência para ter o crédito. O Pamcard está disponível desde 2004, porém, passou a ser comercializado pela Roadcard apenas em 2011.

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Pagamento de pedágio é uma das funções dos cartões eletrônicos disponibilizadas pelas administradoras de meio de pagamento

Para o presidente da Roadcard, Felipe Dick, entre as vantagens oferecidas pelo produto está a livre escolha no momento em que o motorista autônomo vai consumir, podendo usar o posto de combustível de sua preferência e fazer suas compras em todo território nacional pela rede Visa Electron, pagando preço à vista sem custo adicional. Outro fator importante é que o autônomo passou a ter a possibilidade de comprovar sua renda e a participar de programas de financiamento para a troca do caminhão.

“A ausência do dinheiro físico traz maior segurança para o motorista nas estradas. Associada ao cartão adicional disponível gratuitamente para o uso da família, permite que o valor do frete – que é a remuneração do motorista – esteja disponível para o consumo de todos, mesmo antes dele voltar para casa. O Pamcard é protegido por senha, sem custo de adesão ou manutenção para o motorista”, explica Dick.

Apesar do uso do cartão ainda ser um assunto novo para os motoristas de caminhão, Dick acredita que o produto tem boa aceitação por conta das vantagens oferecidas e comprovadas pelos profissionais, além do fato de não ter custo algum, já que o cartão é disponibilizado na modalidade pré-pago. “O único valor cobrado é no momento do saque nos caixas do Banco do Brasil e Bradesco Dia & Noite (BDN)”, explica.

Outra empresa que oferece meios eletrônicos para pagamento das despesas do transporte é a DBTrans, que opera os produtos Rodocred Vale-Pedágio (desde 2001)- com três meios de pagamento de pedágio (cupom, cartão e tag – passagem automática)-, o Rodocred Frete (desde 2009) e também o Rodocred Seguros, lançado em abril deste ano.

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Com o fim da carta frete o carreteiro passou a ter poder de decisão ao escolher o posto de sua preferência para abastecer

O diretor executivo da DBTrans, Marcelo Nunes, explica que para os motoristas de caminhão os produtos da empresa geram inúmeras vantagens e benefícios como maior segurança. Os valores dos fretes ficam protegidos em uma conta e o carreteiro pode realizar consultas gratuitas ao extrato e saldo, fazer transferência de valores do frete para a conta do banco escolhido, saques no banco 24 horas e na rede credenciada, além de ter à disposição as modalidades cupom, cartão e TAG para uso do vale pedágio.

Nunes explica ainda que em virtude da nova legislação, o mercado e, principalmente o carreteiro, passam por um momento de grande transformação e de mudança de cultura. “Como o transportador autônomo (TAC) ainda tem o costume de trabalhar com dinheiro vivo, é natural que exista uma resistência inicial. Porém, avaliamos que o produto está sendo bem aceito e os motoristas estão conseguindo visualizar as vantagens em receber o dinheiro do frete diretamente na conta bancária e usando o cartão como um meio de pagamento mais seguro”, afirma.

Com o cartão Rodocred Frete, o carreteiro movimenta uma conta Rodocred com créditos oriundos exclusivamente do pagamento do frete. Com esse crédito, o carreteiro pode realizar saques, compras e abastecimentos, além de fazer recarga de celular e pagamento de contas. Já os valores referentes ao pagamento de vale pedágio são creditados em uma conta separada.

Os motoristas de caminhão também têm à disposição o cartão de pagamento Ticket Frete, lançado em 2011 pela Ticket e recentemente inserido na estrutura de atuação da Repom, empresa que, por sua vez, teve o seu controle acionário adquirido pela Endered (empresa que integra as marcas Ticket e Accentiv´Mimética no Brasil), em dezembro de 2012. Para o CEO da Repom, Rubens Naves, a segurança é a principal vantagem para o carreteiro, já que com o cartão eletrônico protegido por senha não há necessidade de transportar dinheiro.

“Sem custo de adesão ou manutenção, ou de abertura de conta bancária, o motorista tem à sua disposição uma rede credenciada com cobertura nas estradas, bem como o acesso a redes conveniadas em todo território nacional para que possa realizar suas compras e saques da maneira que desejar”, explica Naves. Outra vantagem, apontada pelo executivo, é o fato de o autônomo ter a possibilidade de comprovar a renda no momento da renovação da frota, através de informe anual de rendimentos disponibilizado pela Repom.

Em relação às operações financeiras disponíveis para o motorista, Naves explica que desde o início da viagem o cartão está habilitado para a realização de compras em postos, oficinas, borracharias, supermercados, farmácias, restaurantes, saques na rede credenciada Rede e em caixas eletrônicos e transferências bancárias. “Uma vez a carga entregue no ponto de destino, com a devida confirmação, é realizada a quitação do frete e liberação do restante do pagamento ao motorista, no cartão Repom utilizado durante o transporte”, complementa.

Para Naves, o setor está em desenvolvimento e por isso há muito espaço para expandir. “A união das duas empresas, Edenred e Repom, seguramente nos dará uma oportunidade única de nos fortalecermos neste mercado tão promissor quanto o de gestão de pagamento de fretes rodoviário. Juntos, conseguimos combinar o know-how da Repom de 20 anos de atuação no segmento com a experiência internacional da Edenred”, finaliza.