Uma grave epidemia assombra as estradas brasileiras e tem mudado a rotina da vida de motoristas de caminhão, suas famílias e também dos usuários das rodovias. Trata-se do uso de drogas como estimulante para o profissional se manter numa jornada desumana de trabalho que chega a ser de 16 a 24 horas por dia.

O crescimento do agronegócio mudou o País, que em cinco décadas se transformou de mero importador de alimentos para em um dos maiores fornecedores mundiais, sobretudo de soja. No entanto a infraestrutura para o transporte não acompanhou essa evolução e o preço se paga com custo humano. Nas rodovias, o problema se avolumou exponencialmente e através do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a partir de 2014 tornou-se obrigatório o exame toxicológico para renovação da carteira entre motoristas profissionais das categorias “C” (carga superior a 3 mil quilos), “D” (mais de oito passageiros) e “E”. As drogas mais comuns são as sintéticas classificadas como anfetaminas e seus derivados.

São substâncias que agem no sistema nervoso central estimulando o organismo a trabalhar num ritmo mais acelerado. Com isso, a pessoa consegue realizar atividades – como dirigir – por mais tempo. Contudo, após um período o efeito da droga passa sendo necessária outra
dose. No entanto, a cada efeito que se esgota o organismo exige uma dose maior para que se tenha o mesmo estímulo, criando-se um ciclo dependente e crescente de consumo das anfetaminas.

O uso frequente dessas drogas trazem consequências graves, envolvem danos neurológicos permanentes, além de problemas cardiovasculares. Somado a isso, o resultado dessa combinação de pressa e drogas são acidentes e mortes nas estradas, atestadas nas estatísticas.

Dentre os usuários de estimulantes, a justificativa é a mesma: o uso das drogas é para fazer frente a uma rotina extenuante de longas jornadas de trabalho, por várias horas seguidas, sem descanso, para cumprir prazos predeterminados ou até para faturar um dinheiro extra no final de cada viagem.

Não bastasse o consumo dos chamados “rebites”, bebidas à base de cafeína concentrada e álcool, disfarçadas de “energéticos”, agora são oferecidas em restaurantes de postos de abastecimento. Os efeitos, dizem especialistas, são tão devastadores quanto os dos estimulantes químicos.

Sabemos que o uso de anfetaminas, substâncias ilícitas e estimulantes é uma realidade na rotina de muitos motoristas de caminhão, sendo um panorama crescente nos últimos anos e vem se tornando um sério problema de saúde pública. A CNTA compreende que é preciso encontrar alternativas para minimizar o consumo abusivo dessas substâncias e conscientizar sobre seus riscos. É um importante desafio promover campanhas preventivas e educativas, além de uma fiscalização criteriosa nas estradas. Os motoristas devem ser alertados sobre os riscos de dependência dessas substâncias, que refletem negativamente na qualidade de vida dos nossos profissionais.

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