Estatísticas mostram que o número de acidentes nas rodovias brasileiras continua alto e gerando custos ao País. Apesar de campanhas e movimentos voltados à segurança, as principais causas das ocorrências estão diretamente ligadas à falta de atenção e imprudência dos motoristas

Por Daniela Giopato

Dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que entre janeiro e agosto deste ano foram registrados 8.930 acidentes, 14,40% a menos do que os 10.435 ocorridos no mesmo período em 2016. As ocorrências resultaram em 41.790 feridos e 3.060 mortos. Os números são 2,93% e 3,13% menores que os registrados entre janeiro e agosto do ano passado, respectivamente. Vale destacar que no primeiro semestre de 2017 os caminhões estiveram envolvidos em 3.726 acidentes.

Ainda de acordo com dados da PRF, as ocorrências mais comuns têm como causas, pela ordem, a falta de atenção (que no caso dos veículos pesados a colisão frontal é o destaque com 833 dos registros), velocidade incompatível e ingestão de álcool.

Além de todo transtorno emocional, pesquisa realizada pela PRF/MJ em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mostra também que um acidente com óbito gera o custo médio de R$ 647 mil; quando há feridos R$ 90 mil e no caso de não haver qualquer vítima o custo médio é de R$ 23 mil. Pelos dados divulgados pela Pesquisa CNT de Rodovias, em 2015 foram registrados 121.438 acidentes em rodovias federais, gerando um custo de R$ 11,15 bilhões ao País.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 1,25 milhão de pessoas perde a vida no trânsito a cada ano ao redor do mundo. No Brasil, os números chegam perto de 40 mil óbitos, conforme dados do Ministério da Saúde. Atitudes imprudentes e a falta de atenção dos motoristas é o grande vilão, o que justifica as discussões, estudos e campanhas voltadas à promover maior segurança nas vias.

Uma pesquisa nacional realizada pela Arteris, empresa do setor de concessão de rodovias, sobre o comportamento de motoristas no trânsito, apurou que as principais desculpas dadas a comportamentos de risco nas questões de uso de cinto de segurança, direção após consumo de bebida alcóolica, excesso de velocidade e utilização do celular ao volante. O trabalho, realizado pelo segundo ano consecutivo, envolveu 2.686 condutores. Este ano, 59,3% dos entrevistados declararam respeitar sempre os limites de velocidade estabelecidos, enquanto em 2016, o percentual foi de 51,3%. Este foi o único item que apresentou melhoras em relação à pesquisa anterior.

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Embora não esteja ligado à imprudência de motoristas, incêndios às margens de rodovias também têm sido a causa de graves acidentes devido à falta de visibilidade

A infração mais identificada como a recorrente na pesquisa é o uso do celular ao volante. A maioria dos motoristas brasileiros (51,9%), mesmo cientes da proibição, faz uso do telefone enquanto dirige. Poucos têm ciência de que apenas alguns segundos de distração ao manusear o celular podem levar a um desvio de atenção grave, inclusive possibilitando que percorram vários metros “às cegas”. As principais desculpas apresentadas foram o uso de aplicativos (37,7%) e a realização ou recebimento de ligações importantes ou urgentes (36,1%).

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O excesso de velocidade é apontado como uma das causas de acidentes e uma das principais desculpas apresentadas é a pressa

A segunda infração mais recorrente é o excesso de velocidade que favorece a perda de controle do veículo e po­de aumentar a gravidade das colisões e das lesões das vítimas. No levantamento, 40,7% dos motoristas admitiram exceder os limites de velocidade e, para esses, as três principais desculpas apresentadas foram a pressa (28,7%), os limites de velocidade baixos (13,4%) e a falta de atenção (11,3%).

Outra infração que merece ser destacada é o motorista dirigir após ter consumido bebida alcóolica antes de assumir o volante. Desde o ano passado, a punição para condutores flagrados  dirigindo após o consumo de álcool se tornou mais severa no Brasil. A multa ultrapassa R$ 2 mil e mesmo assim 25,6% dos motoristas  que participaram da pesquisa afirmaram dirigir, ainda que raramente, após a ingestão de bebidas alcoólicas.

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Além de danos físicos e emocionais, acidentes geram despesas. Em 2015, as ocorrências nas estradas federais geraram custos acima de R$ 11 bilhões

Deste percentual, mais de 25% justificaram esse comportamento dizendo que estavam sozinhos no veículo ou porque era a única pessoa que poderia dirigir naquele momento; 20,9% porque acreditam que a quantidade ingerida não altera sua condição de dirigir e 13,9% porque os trajetos percorridos eram curtos. O mais alarmante é que praticamente todos os entrevistados (99,1%), demonstraram estar  cientes sobre a proibição legal de dirigir após a ingestão de álcool.