Por solicitação de empresa que atua no transporte de toras de madeira para a indústria de celulose, parceria entre o departamento de engenharia da Mercedes-Benz e fabricante de suspensões e eixos resultou em uma nova versão do Axor para  operações fora de estrada

POR João Geraldo 

O setor madeireiro do Brasil é um dos maiores e mais organizados do mundo, com áreas de florestas que somam mais de 10 milhões de hectares de plantações. Os dados, de 2016, são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e colocam o País como o segundo maior produtor global de celulose, atrás apenas dos Estados Unidos. E a maior fonte dessa matéria prima vem do Eucalipto, espécie que responde por mais de 70% das áreas de florestas plantadas.

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Instalação do segundo eixo direcional e outras mudanças técnicas elevaram a capacidade legal de peso do Axor 3344
em até 6 toneladas por viagem

Justamente pela importância do setor, transportadores de toras de madeira e outros produtos do segmento têm recebido atenção dos fabricantes de caminhão, que não hesitam em atender às solicitações técnicas dos clientes da madeira. Uma recente operação que envolveu a Mercedes-Benz e a Breda Logística, transportadora com operação também na transferência de toras de eucalipto da região do Vale do Paraíba/SP para fábricas de celulose, culminou com uma nova opção de caminhão marca preparado para rodar em estradas de chão de terra, o Axor 3344 8X4.

Com 155 caminhões em operação, dos quais 65% são Mercedes-Benz, e os demais são Scania, a Breda Logística colocou para a montadora sua demanda de transportar mais carga por viagem, mas sem trocar o modelo do caminhão. A empresa, que desde 2006 já operava com 26 unidades Axor 3344 6X4, solicitou à fabricante uma versão com segundo eixo dianteiro direcional. Na prática um 8X4, passando o conjunto – caminhão e julieta de três eixos (1+2) –  de 50 para 56 toneladas de peso total e CMT (capacidade máxima de tração) de 123 toneladas.

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O resultado foi o Axor 3344 8X4 para operações fora de estrada, fruto do trabalho da engenharia da Mercedes-Benz em parceria com Breda Logística e a Suspensys, empresa do grupo Randon que instalou o segundo eixo direcional, que exigiu mudanças no sistema de direção, cardan e chassis mais reforçados, suspensão de quatro lâminas, distância entre-eixos e outras medidas necessárias.

O diretor geral da Breda Logística, Ricardo Rodriguez Canton, acrescentou que transportando mais carga por viagem, na versão 8X4 o modelo vai contribuir para  o aumento da produtividade e redução dos custos operacionais da empresa. Isso porque vai transportar mais carga por viagem. Canton disse também que a frota de caminhões madeireiros da Breda opera em regime de 24 horas e que cada veículo roda cerca de 30 mil quilômetros por mês.

Marcos Andrade, gerente de produto caminhão da Mercedes-Benz, destacou que dentro da operação do transporte de madeira existem desafios que exigem produtos específicos e citou exemplos como terrenos com topografia irregular, trajetos com torção do caminhão, vibração e patinação. O primeiro das 23 unidades do Axor 3344 8X2 foi entregue à Breda durante a realização da Expoforest, feira para o setor madeireiro, na segunda semana de março deste ano. “É a Mercedes- Benz ouvindo o cliente e atendendo suas necessidades”, complementou.

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Novos Axor 3344 8X4, equipados com transmissão automatizada, vão substituir 26 unidades 6X4 com caixa manual no transporte de toras de eucalipto

Os caminhões Axor 3344 8X4  têm caixa de transmissão automatizada, enquanto os modelos 6X4 susbtituidos são todos manuais. O diretor de manutenção da Breda Logística, Henri Hardt, disse que os Axor 6X4 da empresa já tinham atingido o limite de idade, portanto, havia necessidade de serem substituídos por produtos mais modernos e eficientes. Os novos caminhões da frota vão transportar toras de eucalipto de plantações no Vale do Paraíba/SP para a indústria de celulose.

Marcos Andrade destacou que cada aplicação tem produto específico e tudo isso tem de ser levado em conta na hora de desenvolver o caminhão para o cliente. Ele frisou que nesse tipo de operação o desafio maior para se ter produtividade é transportar mais carga por viagem. Andrade acrescentou que por isso é comum nesse setor também lançar mão a outras soluções que ajudam a reduzir a tara do caminhão.

Entre os exemplos ele disse ser possível ganhar 35 quilos com o uso de pneu 295/80 R22.5 (sem câmara, no lugar do 1.100 R22) montado em roda de alumínio. São 15kg da roda e 15kg do pneu. “Quanto maior a distância, maior peso deve ser levado por viagem, porque nesse tipo de operação o caminhão retorna descarregado e o combustível representa cerca de 60% da operação. Por isso é fundamental a aplicação de veículo robusto que não prejudique o consumo de diesel”, concluiu.