Por Nilza Vaz Guimarães

Com 4,3 quilômetros de extensão, a Via Expressa Baia de Todos os Santos – importante elo de ligação entre a BR-324 e o Porto de Salvador – inaugurada no início de novembro passado, terá o fluxo de caminhão de 2.000 mil veículos/dia ampliado para  ao menos 3.500, além de 59,5 mil veículos leves e ônibus, conforme estimativa de especialistas de trânsito de Salvador.

A obra foi realizada pelo Governo Federal, através do Ministério dos Transportes, em parceria com o Governo baiano, concluída e entregue à população no último dia 1º de novembro. Considerada a maior intervenção viária na cidade nos últimos 30 anos, a Via Expressa recebeu investimentos de R$ 480 milhões e conta com 10 faixas de tráfego, três túneis, 14 elevados, quatro passarelas, ciclovia, pista de rolamento e calçada para pedestres.

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Foi a melhor coisa que aconteceu nos últimos tempos, pois saímos do congestionamento, comemora o motorista Raimundo dos Santoso

Para o carreteiro Raimundo dos Santos, 45 anos de idade e 18 anos de profissão, a inauguração da Via Expressa foi a melhor coisa que aconteceu nos últimos tempos. “Saímos do engarrafamento. Agora estamos economizando tempo e combustível”, comemora o autônomo, que puxa contêiner com cargas alimentícias do Oeste baiano e produtos químicos do Polo Industrial de Camaçari, em seu próprio caminhão.

Em relação à obra viária, diz que a entradado túnel é um pouco apertada, cabe apenas um caminhão, mas afirma estar satisfeito com o restante do percurso. “Temos duas faixas indo para o porto, duas voltando e uma curva fechada que não oferece perigo” diz sem estanejar, pois sofria muito quando era obrigado a trafegar pela Avenida Mario Leal Ferreira, conhecida como Avenida Bonocô, muito mais perigosa e palco de muitos acidentes com carretas no percurso tanto de ida como de volta para o Porto de Salvador.

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Na avaliação de Raimundo dos Santos, o asfalto da nova via está bom e todo o trecho bem sinalizado. Porém, alerta que os veículos de passeio devem respeitar as faixas exclusivas de tráfego de caminhões e carretas. A seu ver, a sinalização está bem clara, informando que é apenas para o tráfego de caminhões, mas mesmo assim, tem visto carros de passeio circulando. “E como não tem acostamento, temos de redobrar os cuidados com esses veículos. Mesmo com duas vias, é preciso ter cautela para não tombar o caminhão. Se isso acontecer, trava tudo”, salienta. Conclui dizendo que a obra foi ótima e que já deveria ter sido feita há muito tempo.

Por outro lado, Raimundo reclama do sistema operacional do Tecon – terminal de contêineres de Salvador. “No terceiro dia de utilização da Via Expressa o engarrafamento de caminhões foi tão grande, que a fila foi parar na entrada da Avenida Luis Eduardo Magalhães. Não adianta fazer uma obra como esta e não olhar para dentro do porto”, lamentou

Gilmar Alves dos Santos, 49 anos, há 20 anos puxando carregamento de uva e contêiner do Polo de Camaçari para o Porto de Salvador, diz estar feliz com essa nova via, porque está proporcionando boa condição de trabalho, economia de tempo e de diesel. “A nova via está segura e bem sinalizada. Tem asfalto bem nivelado e acabamento bem feito. Não tenho do que reclamar”, elogiou. Ele realiza duas viagens por dia e diz que a obra facilitou muito 0 ransporte, porque antes os caminhões circulavam junto com os veículos de passeio. “Até para quem trafega por ela pela primeira vez é fácil, mesmo no trecho em que a via muda de duas faixas para uma”, observa. Porém, Gilmar Alves alerta que se neste trecho tombar um caminhão, é engarrafamento na certa.

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O carreteiro Gilmar Alves dos Santos elogia a obra, mas destaca que seria bom haver melhorias também nas instalações do Porto

O carreteiro destaca que não foi feita melhoria alguma nas instalações do Porto de Salvador para o bem estar dos carreteiros. “Engolimos muita poeira o tempo todo. No final do dia estamos com o nariz entupido, a garganta arranhando, os olhos ardendo. Não é fácil. O Porto precisa mudar para podermos melhorar também”, sugere.

O carreteiro Sandro Santos Lima, de 36 anos de idade e seis anos puxando carga no porto para as indústrias do Polo de Camaçari, concorda com seus companheiros de trabalho sobre os benefícios trazidos pela Via Expressa. Ele faz duas viagens por dia quando o sistema do porto está funcionando e concorda que com a nova via rodoviária se economiza tempo e diesel. “Estou satisfeito, mas há um trecho que ainda precisa ser revisto. Percebi uma diferença no nível do asfalto, está oferecendo perigo e deve ser corrigido o mais breve possível”, alerta. De acordo com ele, mesmo se uma carreta estiver trafegando dentro da velocidade máxima permitida (60 km por hora), poderá tombar se estiver carregando um contêiner vazio.

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O percurso que era feito em duas horas passou a ser realizado em apenas 15 minutos, destaca o carreteiro Sandro Santos Lima

Hoje, com a Via Expressa, Sandro faz em apenas 15 minutos o percurso que antes se demorava até duas horas para ser percorrido. “Nota dez! Não tenho palavras para elogiar, mas espero que esse seja apenas o primeiro passo. Se o porto cumprir o horário de gendamento aí sim, ficará tudo ótimo”, sorri. Na opinião de José Muniz Rebouças, presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia – Codeba, a Via Expressa vai permitir ao Porto de Salvador continuar com o seu processo de crescimento, sem provocar impactos negativos ao ordenamento da cidade, evitando congestionar o trânsito com extensas filas de aminhões. “A Via Expressa está surgindo no momento decisivo, para impulsionar um ritmo ainda mais dinâmico, ao processo de crescimento do Porto de Salvador”, conclui.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Contêiners do Estado da Bahia – Setconteiners, José Rubem Moreira de Souza Filho, disse que a Via Expressa representa uma ligação mais rápida e exclusiva para o acesso ao Porto de Salvador. “Ao retirar os veículos de carga pesada da Avenida Mario Leal Ferreira (Av. Bonocô), também reduzirá os riscos de acidentes, pois o trânsito nesta via estava muito sobrecarregado”, resumiu. Ele lembra que desde a conclusão da Via Expressa, os caminhões e carretas apenas poderão trafegar na nova via. Os veículos pesados que transitarem pelas vias anteriormente utilizadas, estarão sujeitos às restrições e multas.

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A via, que criou uma nova opção de mobilidade na capital baiana, conta com três túneis, 14 viadutos e quatro passarelas

Souza esclarece que apesar da quantidade de veículos pesados que trafegam em direção ao Porto, corresponder a apenas 0,3% do total de veículos, segundo dados da Prefeitura de Salvador, o trânsito terá mais fluxo e ficará menos perigoso para os carros de passeio. “Sem dúvida, esse era um pleito antigo para melhorar as condições de acesso ao Porto e Salvador. Com sua conclusão e operação, mais cargas vão poder chegar ao Porto em menor tempo e com mais segurança”, acrescentou sem deixar de citar que não existe estacionamento equado para os caminhões nas proximidades do porto. “Falta o desenvolvimento de uma área para que os caminhões que tenham destino à área portuária possam esperar para serem chamados para dentro do terminal. Hoje isso funciona muito bem apenas para alguns tipos de carga, mas para contêiner não. É só um pouco de vontade política e alguém ncentivado na parte privada para acontecer”, conclui.