Por João Geraldo

A Foton Caminhões deu início em abril à construção de sua fábrica no município de Guaíba/RS, próximo à capital do Estado, onde produzirá veículos comerciais em terreno de 1,5 milhão de metros quadrados. De acordo com o projeto, o complexo receberá investimento inicial de R$ 250 milhões, terá 200 mil metros quadrados de área construída e será concluído no final de 2015. A Beiqi Foton Motor Co. – dona da marca chinesa e maior fabricante de caminhões da China – entra na parceria apenas com a parte técnica, conforme afirmou Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente da Foton Aumark e maior investidor no negócio.

“Esta parceria é um passo importante, estou confiante, porque a indústria chinesa é o futuro da indústria. Temos dois contratos com os chineses: de fabricação e de distribuição dos veículos”, disse Mendonça de Barros, citando o maior fabricante de caminhões da China – que produziu 700 mil veículos comerciais em 2013 – e atua também nos segmentos de máquinas para construção, tecnologia de informação entre outros setores. A brasileira Foton Aumark estabeleceu parceria comercial com a Foton Beiqi em 2010, quando começou a importar veículos da marca para o Brasil.

Pelo projeto da fábrica, a Foton Caminhões começa a produzir em Guaíba no primeiro semestre de 2016, com a montagem dos modelos de 3,5, 6,5, 8,5 toneladas de PBT, com índice de nacionalização de até 60%. Já o modelo de 10 toneladas terá 74% de suas partes produzidas no Brasil e o restante importado da China. Para todos os veículos, nos primeiros anos a cabine virá totalmente montada da Foton Beiqi e a partir de 2017, começa a montagem também das versões de 13, 15 e 17 toneladas de PBT.

O vice-presidente do conselho gestor da Foton Caminhões, Orlando Merluzzi, disse que a planta em Guaíba terá capacidade para montar 21 mil caminhões por ano, com um turno de produção. Além do Brasil, os veículos serão destinados a outros mercados da América do Sul e da África. “Os caminhões que vamos produzir aqui serão robustos, versáteis e com grande quantidade de equipamentos de segurança e opcionais de conforto”, destacou Merluzzi.

Freios ABS, barras estabilizadoras, ar condicionado, vidros e travas elétricas, CD Player, acelerador automático, motor Cummins e caixa de câmbio Eaton e ZF fazem parte do pacote citado pelo executivo. “Estes caminhões leves trazem ao Brasil o conceito de veículos Premium para o segmento, em um mercado mais habituado a contar com veículos mais sofisticados nos segmentos de semipesados e pesados”, acrescentou. Merluzzi acrescenta que primeiro é preciso consolidar a marca no País – sustentada por uma rede de concessionárias eficiente – para depois entrar no segmento de pesados, embora esta não seja a preocupação da Foton Caminhões no momento.

A meta da Foton Caminhões é conquistar até 5% do mercado total de caminhões no País após os primeiros oito anos de operação. “Temos plena consciência da competitividade do mercado brasileiro de veículos comerciais, conhecemos as dificuldades para conquistar cada ponto percentual de participação, no setor”, concluiu.

Em relação aos produtos, preços e concorrentes no mercado brasileiro dos comerciais leves da Foton, o presidente da empresa diz que é necessário iniciar um processo de conhecimento da marca, classificando esta como uma fase difícil. “Temos de divulgar a marca como um todo”, frisou Mendonça de Barros. Ele adiantou que o preço será 5% inferior ao do Mercedes-Benz Sprinter versão 313 e 5% maior que do Renault Master, citando as duas marcas já bastante conhecidas no País, além do Iveco Daily. “Temos de pagar a conta por sermos ainda desconhecidos, e a melhor coisa que podemos dizer no mercado é que o nosso produto é feito aqui no Brasil”, concluiu.

Enquanto a fábrica não inicia a produção, a Foton Aumark continuará a importar da China modelos de 3,5 a 10 toneladas de PBT através de cota de importação de 8.500 unidades – definida pelo Ministério da Indústria e Comércio – para atender às regras do Inovar-Auto. Em paralelo à construção da fábrica, a Foton Caminhões vai estruturar sua rede de concessionários. Segundo o diretor de operações comerciais da empresa, Ricardo Mendonça de Barros, a meta é a rede estar preparada em pós-vendas para cobrir o País quando a fábrica iniciar a produção, em 2016. ” Queremos chegar a 90 concessionárias da marca até dezembro de 2016″, concluiu.