Por João Geraldo

A SBTC (Sinotruk Brasil Truck Corporation) acabou de obter um importante avanço para a implantação de uma fábrica de caminhões em território brasileiro ao ser habilitada ao programa Inovar-Auto – na categoria Projeto de Investimento – pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). A habilitação,publicada no Diário da União de 14 de agosto passado, dá à empresa sinal verde para a construção de sua unidade
de produção no País.

O passo seguinte a ser seguido pela empresa é iniciar às obras de terraplanagem. Joel Anderson, diretor-presidente da Sinotruk Brasil, comemorou o avanço das negociações entre a SBTC e o governo e declarou que, finalmente, o projeto começará sair do papel. De acordo com ele, as obras de terraplanagem começam até outubro, em terreno doado pela prefeitura de Lages/SC. “Esta primeira fase deverá demorar três meses e a partir de janeiro de 2015 começa a construção civil da fábrica, com prazo de conclusão de 12 meses”, detalhou o executivo.

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Perspectiva da futura fábrica de caminhões que a Sinotruk tem planos de instalar até 2016, no município de Lages, Estado de Santa Catarina

Anderson explica que o terreno disponibilizado pela prefeitura de Lages, de 1.000.007m², é parte de uma área industrial de 270 hectares criada em parceria com o governo do Estado de Santa Catarina, no Distrito do Índios, na margem da BR 282. A Sinotruk será a primeira empresa a se instalar no local. Segundo ele, a terraplanagem é responsabilidade da prefeitura, assim como a licitação da empresa responsável pelo serviço de movimentação de terra em área de 180.000m². A obra da fábrica – que abrigará a linha de montagem e outras repartições, adianta o executivo, terá 32.000m²de área construída.

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Extrapesado A7 será o primeiro modelo da marca chinesa a ser montado no Brasil. De acordo com a empresa, primeiro pelo regime CKD e chegar a 60% de nacionalização até o final de 2017.

“Temos previsão de iniciar a produção de caminhões em julho de 2016, isso após a linha de montagem já ter cumprido uma fase de ao menos três meses produzindo unidades- estes”, destaca Anderson. A capacidade produtiva da fábrica será de 8.000 mil unidades/ano e a linha de montagem começará operar com caminhões em regime de CKD (Completely Knock-Down), isto é, os veículos virão da China e serão montados no Brasil, na média de 1.800 unidades no primeiro ano.

Ainda de acordo com o executivo da SBTC, a meta é ir se adequando ao Programa Inovar- uto e atingir o índice de 60% de nacionalização de componentes dos veículos até o final de 2017. Ampliar a oferta de modelos também está nos planos da empresa, cuja expectativa é de produzir também caminhões médios e semipesados, conforme revela Anderson.

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Terraplanagem da área industrial onde será construída a fábrica é de responsabilidade da prefeitura local, diz Joel Anderson

Enquanto não inicia a montagem no Brasil, a SBTC vai importar os modelos extrapesados da linha A7, nas configurações 4X2, 6X2 e 6X4, além de componentes para os modelos A7 e Howo. A empresa tem cota de importação de 1.250 cavalos-mecânicos/ano isentos de IPI, até o início das atividades no Brasil.

Mas quem será o dono da Sinotruk Brasil? Joel Anderson responde que o capital social da SBTC será formado por quatro acionistas. Um deles é Nextruk, a qual reúne um grupo de empresários do setor de transporte e distribuição de veículos; outro é a Sinotruk Import & Export CO. LTD, subsidiária da CNHTC (China National Heavy Duty Truck Group Co. Ltd); a SC e Parcerias S/A., empresa de fomento do governo do Estado de Santa Catarina. O quarto acionista é um Banco investidor, cujo nome não podia ser revelado na ocasião da entrevista porque sua participação no pool encontrava-se ainda em negociação.

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Centro de Distribuição de Peças, antes instalado na região metropolitana de Curitiba/PR, foi transferido para perto dos portos de Santa Catarina

“O investimento total para colocar a fábrica em operação é de 300 milhões de reais, incluindo a construção civil, linha de montagem, centro de distribuição de peças, logística e desenvolvimento de rede”, detalha Anderson, acrescentando que, em médio prazo, considerando o desenvolvimento de fornecedores, o valor investido deverá chegar a um bilhão de reais.

Expansão da rede

A Sinotruk chegou a ter 35 concessionárias instaladas para atender um universo de cerca de 2.200 caminhões emplacados no País desde o início das importações, em 2009. Atualmente são 20 concessionários plenos e mais seis postos de serviços autorizados. De acordo com João Silvano Pacheco, gerente de operações da Sinotruk Brasil, o plano agora é ampliar o número de postos de serviços, e para isso há previsão de nomeações nos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Pernambuco. “Vamos aumentar a capacidade do atendimento de assistência técnica, mas sem abrir mão da meta de atingir o número de 40 concessionárias plenas até o final de 2015”, declara Pacheco.

Dentro desta nova fase que será marcada pela construção da fábrica em Santa Catarina, a Sinotruk transferiu seu Centrode Distribuição de Peças, antes localizado em Campina Grande do Sul (região Metropolitana de Curitiba/PR, para Joinville/SC. A mudança prevê um ganho de eficiência logística no curto prazo devido a proximidade com os portos por onde chegam as peças de reposição e também pelo conhecimento da empresa Apoio Logística, que estabeleceu parceria com a futura fábrica da Sinotruk.