Por: João Geraldo

Temos de trabalhar, mostrar e entregar o produto certo para o cliente. A frase é de Roberto Leoncini, executivo que acaba de assumir a vice-presidência de vendas, marketing e pós-vendas da Mercedes-Benz do Brasil e tem pela frente a missão de fortalecer e reposicionar a marca no mercado brasileiro de veículos comerciais. Profissional respeitado e conhecido no setor de caminhões pesados, ele assumiu o cargo em meados deste ano com a expectativa de quebrar paradigmas e melhorar o relacionamento com o cliente, procurar ouví-lo e atendê-lo e também estar mais próximo da rede de concessionários.

Leoncini conhece bem o negócio de caminhões. Ele permaneceu por vários anos na Scania e agora – há menos de cinco meses – colocou sua experiência a serviço da Mercedes-Benz como um dos maiores reforços contratado pela empresa nos últimos anos nessa fase de mudanças que tem por objetivo recuperar o terreno perdido pela marca nos últimos anos.

Uma das metas é levar a marca de volta ao seu antigo posto de líder de vendas de caminhões no mercado interno, condição que mantinha desde 1970 e perdeu em 2004 para sua principal concorrente, também alemã. A rede de concessionários, embora seja ainda a maior do País, com 186 concessionários, também já foi maior. Ainda em relação à questão de estar próximo do transportador, ele afirma que ao menos uma vez por semana conversa com cliente que teve problema com a marca. “Tenho como característica ir a campo. Costumo entrar na concessionária pela oficina, porque é o serviço quem vende o segundo caminhão”, concluiu.

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O extrapesado Axor com freio a tambor e eixos traseiros sem redução nos cubos atende com mais eficiência operações em estradas de terra

Além da contratação do executivo, as ações da Mercedes-Benz para promover a retomada do mercado incluíram e incluem o aprimoramento da linha de caminhões, com alterações para tornar os veículos mais eficientes e conforme as especificações dos clientes. As mais recentes aconteceram este ano com o lançamento de um pacote de mudanças técnicas para garantir que os modelos cumpram o que prometem. Trata-se do conceito Econfort, palavra adotada pela companhia para indicar que o produto reúne economia, conforto e força/desempenho.

O conceito é um guia para todos os produtos da marca, sendo o Atego 2429 o primeiro modelo desta geração, seguido por ajustes das linhas estradeiras Axor e Actros. Para reforçar a divulgação dos diferenciais dos seus produtos e a nova filosofia de ouvir mais os clientes e atender suas necessidades, a Mercedes-Benz tem realizado eventos de demonstração dos caminhões em diferentes pontos do País, totalizando mais de 2000 participantes.

O primeiro encontro da série aconteceu em Nova Santa Rita/RS, em meados de maio deste ano, seguido por Cascavel/PR e Rondonópolis/MT, dias 17 e 18 de outubro, uma ação direcionada aos profissionais que operam no agronegócio, setor em que a marca tem perdido participação nos últimos anos. A novidade para os transportadores e motoristas da região foi a linha estradeira Axor disponibilizada com freio a tambor (mais resistente ao pó) no lugar do disco (que dissipa melhor o calor em estradas pavimentadas) e eixos traseiros sem redução nos cubos, para diminuir o consumo de combustível. Os caminhões rodaram em testes equipados com implementos lastreados no peso de balança.

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Recém-chegado à Mercedes-Benz, Roberto Leoncini destaca que hoje a empresa já tem os caminhões que os clientes do agronegócio pediram

As alterações técnicas foram incorporadas às linhas Axor (e também Actros) para atender solicitações de clientes que operam no agronegócio, onde os caminhões rodam em grande parte por estradas de terra, operação na qual o freio a tambor se mostra mais vantajoso. “Hoje temos o produto que os clientes pediram em relação a sistema de freio, além de cabine com suspensão pneumática que absorve melhor os impactos provocados pelas irregularidades das estradas e uma nova cama com colchão de maior espessura que proporciona mais conforto para o motorista nos momentos de descanso”, detalhou Leoncini, acrescentando que as mudanças para atender as solicitações dos transportadores é o recado que a Mercedes-Benz estará cada vez mais próxima dos clientes e pronta para escutá-los e
atendê-los.

A Mercedes-Benz chegou a ter participação de 30% na região de Rondonópolis, mas atualmente detém apenas 9%. Leoncini afirma que a marca tem competência para voltar a crescer no Estado, mas alerta que a empresa quer maior participação de mercado, mas com rentabilidade e com o cuidado de citar que os concorrentes não podem subestimados em momento algum. Ele destaca que o Axor, que está mais econômico, será o caminhão para alavancar marca e recuperar a confiança do transportador. O modelo tem como item de série câmbio automatizado Mercedes PowerShift , freio motor Top Brake e ABS, além de opção para o retarder (MegaSpace Segurança). Bloqueio de deslocamento para partidas em
rampa e sistema ASR são disponíveis apenas na linha Actros.

REGIÃO PARA PESADOS

Com representatividade entre 20 e 25% do PIB brasileiro, o agronegócio é um atraente filão de mercado para os fabricantes de caminhões extrapesados. Nos últimos 50 anos a área plantada triplicou, enquanto a produção cresceu 10 vezes. Em Mato Grosso, segundo as previsões, a atual produção de 38,1 milhões de toneladas grãos deverá saltar para 67,7 milhões de toneladas até 2021/2022. Com isso, a região que hoje responde por 32% da produção de soja do País, vai precisar de muito caminhão, o que faz os fabricantes do setor voltarem seus olhos para a região. Além disso, a expectativa de crescimento é de que em 10 anos a produção de milho no Estado salte dos atuais 23% para 36% e a de algodão chegue a ser de 28%, além do aumento da produção de carne.