Por João Geraldo 
Fotos Silvio Aurichio

Pode-se dizer que tecnologia é também uma palavra bastante adequada para definir a nova linha de caminhões Volvo FH. Isso porque o emprego de avançados recursos para tornar os veículos mais eficientes e seguros têm se destacado como o anúncio da chegada de novos tempos ao setor do transporte rodoviário de carga no País. Disponivel no mercado brasileiro desde o início deste ano, trata-se da mais nova geração de caminhões pesados no mercado latino-americano, bem próxima dos produtos da marca vendidos na Europa, sendo a motorização Euro 6 um dos maiores diferenciais.

Equipe da revista O Carreteiro viajou com uma unidade FH equipada com motor de 540cv, cuja imponência – pelo tamanho da cabine e linhas bem definidas – soa como o anúncio de que se trata de um caminhão diferenciado, um produto atual e pronto para atender aos novos desafios impostos pelo setor de transporte. Esta cabine traz em seu DNA a filosofia da marca, que é priorizar a segurança. Para isso, a nova versão – assim como as demais da marca – é resultado de milhares de testes com colisões simuladas e reais, uso de materiais diferenciados, tecnologias e toda a experiência da engenharia da empresa para de chegar a uma unidade que suporta mais impacto do que a anterior, conforme divulga a companhia.

Regulagem pneumática facilita o acionamento do volante e permite posicionamento refinado e mais adequado do volante à condução, assim como o banco do motorista
Regulagem pneumática facilita o acionamento do volante e permite posicionamento refinado e mais adequado do volante à condução, assim como o banco do motorista

“Utilizamos aços de novas qualidades, os mais resistentes que existem atualmente, e fizemos uma cabine mais segura que a anterior sem haver aumento de peso”, afirmou Alexander Boni, gerente de caminhões da linha F. Outros detalhes da nova unidade são o ganho de espaço interno de um metro cúbico (em relação à anterior) e 300 litros a mais para armazenamento de objetos.

O interior tem espaço amplo com detalhes que inspiram modernidade, porém, sem qualquer aspecto de complexidade. A cortina frontal (no para-brisa) conta com acionamento elétrico, enquanto as das laterais são manuais. Juntas fecham totalmente o ambiente e garantem a privacidade do motorista. Outro destaque é o teto solar de vidro – item de série – que na prática é uma janela a mais, pois além do fechamento total (por acionamento elétrico), conta com uma tela, que pode ser aberta e fechada, para ajudar a quebrar a luminosidade. O climatizador, de série no modelo, está posicionado logo atrás do teto solar.

Cabine do novo FH é um metro cúbico maior que a versão anterior e conta com teto solar de vidro como item de série, com acionamento elétrico
Cabine do novo FH é um metro cúbico maior que a versão anterior e conta com teto solar de vidro como item de série, com acionamento elétrico

A cama tem 800 milímetros de largura e oferece inclinação para aumentar o conforto, enquanto a cabeceira é posicionada de um modo que transmite ao motorista a sensação de estar fora do seu ambiente de trabalho. Também é parte do pacote de conforto o banco do motorista com ventilação no encosto e no assento, sendo que este conta também com sistema de aquecimento para os dias mais frios. Este banco tem 40 milímetros a mais no ajuste de distância, que o do FH anterior, e oferece diversas opções de regulagem, se adequando a motoristas de diferentes portes físicos. A coluna de direção, com regulagem pneumática, também ganhou mais opções de ajustes.

Antes de colocar o caminhão em movimento, uma checagem na posição dos espelhos retrovisores mostra que a engenharia da Volvo alterou a área envidraçada da cabine e estreitou as colunas da cabine. Além disso, promoveu mudanças também nos espelhos, com a adoção de lentes côncavas e o resultado proporcionou maior visibilidade ao motorista. Os espelhos auxiliares – um deles no para-brisa, já conhecido do mercado – ajudam a verificar se há alguém ao lado ou na frente, antes do veículo entrar em movimento.

Item de série, o teto solar em vidro tem acionamento elétrico e conta com tela que pode ser fechada para quebrar a luminosidade
Item de série, o teto solar em vidro tem acionamento elétrico e conta com tela que pode ser fechada para quebrar a luminosidade

O comportamento do veículo em movimento mostra um motor de alta cavalagem com ruído quase imperceptível e responde com precisão aos engates – no tempo certo e sem qualquer tranco – realizados pela caixa automatizada I-shift. O conforto vem também do silêncio, da temperatura ambiente (ar-condicionado), do espaço interno da cabine e também do trabalho realizado pela suspensão dianteira com nova geometria que facilita a dirigibilidade. Uma boa observação no painel de instrumentos, também adequado ao novo modelo, mostra um conjunto de itens simplificado, de fácil leitura e rápido entendimento. Entre várias informações, indica também o nível de Arla32 no tanque. Já os controles, reposicionados em relação à versão anterior, ficaram mais próximos das mãos e dos dedos como, por exemplo, os do piloto automático, rádio e computador de bordo no volante. O objetivo é ter tudo à mão e simplificado para deixar o motorista mais atento à estrada.

Controle remoto funciona até 25 metros de distância do caminhão e reúne várias funções, disparar alarme, acender e apagar luzes do veículo
Controle remoto funciona até 25 metros de distância do caminhão e reúne várias funções, disparar alarme, acender e apagar luzes do veículo

Vale citar também o freio da carreta (maneco, ou bigode), deslocado do painel para a coluna de direção, ao lado de outros comandos, não havendo necessidade de o motorista tirar a mão do volante para acioná-lo. Entre os comando de controle no painel se destacam também os botões do Volvo Action Service (VAS), do GPS e do Dynafleet. Este último disponibiliza ao transportador uma tecnologia que possibilita obter relatórios de desempenho mostrando o perfil do veículo e também do motorista, permitindo correções no modo de dirigir e até a necessidade de treinamento do profissional.

O novo FH sai de fábrica pronto para interagir com o My Truck, aplicativo para smartphones que reproduz no aparelho muitas das funções exibidas no painel de instrumentos do caminhão. Mesmo de longe pode se obter informações do nível do combustível, do óleo, do líquido de arrefecimento e do Arla 32. O My Truck pode ser conectado ao alarme de fábrica do veículo e permite que tanto o motorista quanto o transportador recebam mensagens no smartphone caso o alarme do caminhão dispare em casos de violação da cabine ou do baú e até se o alarme está desligado.

Outro dispositivo do veículo é o I-Rall,um recurso que ajuda o veículo a economizar combustível e que poderia ser ironicamente, na linguagem do motorista, ser chamado de “banguela eletrônica”. Porém, diferente da famigerada “banguela” das caixas mecânicas desengrenadas, o sistema conta com controle eletrônico, sendo que a caixa I-Shift engrena automaticamente a marcha mais adequada no momento em que for necessário. Para isso que isso aconteça, basta o motorista encostar o pé no pedal do acelerador.

Ainda sobre a caixa I-Shift, a unidade conta com um módulo de emergência que passa a operar no modo totalmente mecânico em caso de pane na transmissão. O sistema eletrônico permite que o caminhão prossiga viagem disponibilizando a primeira, terceira e quinta marchas, até chegar a um ponto onde pode ser socorrido. O freio motor do FH 540 gera 520cv potência e permite que o pedal do freio de serviço praticamente não seja utilizado, elevando a vida útil das lonas para até 500 mil quilômetros. Todo eletrônico, o sistema opera em três fases de frenagem, 30%, 60% e 100% e disponibiliza a opção para o motorista frear – de modo separado – apenas o cavalo-mecânico. Quando o motor é desligado, o freio de serviço é acionado automaticamente.

O novo FH é dotado de um sistema identificado pela empresa como I-See, oferecido como uma ferramenta para ajudar na economia de combustível. Conectado à caixa de câmbio, o I-See é um sistema que lê e memoriza a topografia da estrada. As informações ficam armazenadas na memória do caminhão para serem utilizadas no momento oportuno. O sistema reconhece quando o veículo se aproxima de uma subida e leva a aceleração perto do limite máximo de velocidade para manter o embalo. Assim, mantém a marcha alta por mais tempo, evita a redução ao aproximar-se do topo e acelerações desnecessárias nas descidas, tudo para economizar combustível. O dispositivo utiliza os dados memorizados para tornar mais eficiente a troca de marchas e contribuir para melhorar o desempenho e o consumo todas as vezes que passar por aquele lugar.

Enquanto o veículo roda, a tecnologia embarcada faz todo o trabalho para mantê-lo seguro e de modo econômico, dividindo espaço na pista com modelos fabricados até 20 anos atrás e bem menos eficientes. Outros detalhes técnicos que valem a pena ser citados são a tampa frontal da cabine com trava elétrica e o basculamento da cabine também elétrico, este, porém com opção hidráulica. Merece destaque também o aparelho e controle remoto que permite alterar a rotação do motor, caso seja necessário. Em distância de até 25 metros é possível também acender e apagar luzes e até disparar o alarme para afugentar possíveis suspeitos que, eventualmente, estejam rondando o caminhão.