Que a Volvo Trucks é uma organização antenada quando o tema é tecnologia ninguém tem dúvidas. Ao longo de sua  história, a empresa desenvolveu soluções que até hoje fazem a diferença no trânsito  em diferentes partes do mundo. Entre elas estão o cinto de segurança de três pontos, airbag em caminhões, sistemas de segurança ativa e veículos autônomos, exemplos que a tornaram referência nesse âmbito.

Apesar dos dados alarmantes de 1,2 milhão de pessoas morrerem anualmente vítimas de acidentes de trânsito em todo mundo, o número de ocorrências nas rodovias os envolvendo caminhões está em queda. Muito dessa redução se deve às tecnologias de segurança embarcada nos veículos comerciais. Contudo, a segurança dos demais usuários vulneráveis (leia-se pedestres, ciclistas e motociclistas) ainda é algo a ser trabalhado.

Agora, o desafio do grupo sueco é desenvolver soluções que ajudem motorista e pedestres a se comunicarem. Mesmo que seja pelo olhar. Por essa razão, no que depender da empresa, é fato inegável que os dias dos caminhões e motoristas comuns  podem estar contados.

Para isso, o Grupo Volvo está desenvolvendo uma série de ações pelo planeta. A mais recente é o programa See and Be Seen (Veja e Seja Visto) , uma ação direcionada inicialmente para ciclistas com idade até 12 anos, mas que se estende  também ao público adulto, já que atende aos pedestres e condutores de veículos menores como motocicletas, por exemplo.

O programa tem por objetivo melhorar a compreensão sobre como os usuários das vias e os caminhões podem interagir no ambiente de trânsito, seja ele rodoviário ou urbano. “Com o ritmo acelerado do tráfego, é vital que o maior número de pessoas esteja ciente dos riscos e saiba como evitá-los”, explica Carl Johan Alm­qvist, diretor de segurança de tráfego e produto da Volvo Trucks.

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Para especialistas, a redução de acidentes de trânsito só será possível com o envolvimento de motoristas, tecnologias e pedestres

Como o nome sugere, o programa Veja e Seja Visto quer envolver pedestres, ciclistas e motociclistas e ajudá-los a se tornarem visíveis para os motoristas de veículos maiores. Por outro lado, o programa visa o trei­namento‑ do motorista de caminhão e propõe que os veículos sejam equipados com sistemas de segurança cada vez mais inteligentes.

O pacote de treinamento do See and Be Seen se estendeu para organizações de segurança do tráfego que trabalham com adultos, e conta com materiais de apresentação, tais como filmes e exercícios práticos. Dentre eles, a inversão de papeis, no qual o condutor passa a ser pedestre e o pedestre vira o motorista do caminhão. Para Almqvist é inegável que reduzir acidentes só será possível quando pedestres, motoristas e tecnologias estiverem envolvidos.

Apanhado de soluções — Contudo, junto à comunicação entre pessoas no trânsito, a Volvo também contabiliza uma série de outras inovações que poderão ajudar a promover a dinâmica em prol da redução de acidentes. O Emergency Brake (freio de emergência) é um sistema que ajuda na segurança dos motoristas que trafegam atrás dos caminhões.

Desde 2015, uma lei europeia determina que todos os caminhões pesados de dois e três eixos devem ser equipados com freio de emergência a fim de reduzir os acidentes causados por colisões traseiras, as quais são responsáveis por um quinto de todos os acidentes rodoviários envolvendo caminhões.

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Desde 2015, uma lei europeia determina que os caminhões pesados devem ser equipados com freio de emergência, para evitar acidentes de colisões traseiras

Essa legislação determina ainda que o sistema de travagem de emergência deve reduzir a velocidade do caminhão em 10 km/hora. Para o próximo ano, a velocidade será ajustada para 20 km/hora. Na opinião do diretor de segurança da Volvo Trucks, esses requisitos legais são muito baixos. “Se você estiver dirigindo a uma velocidade de 80 km/hora, quando o sistema de travagem de emergência for acionado será preciso baixar a velocidade muito mais do que 20 km/h para evitar colisão, sobretudo, se o veículo da frente estiver parado.

Por essa razão, o Emergency Brake vai além dos requisitos legais atuais e futuros. O sistema, que recebeu melhorias em 2012, é usado apenas se for absolutamente necessário. Na prática, se o caminhão estiver rodando a 80 km/h, ele pode cortar a velocidade a 0 km em cerca de 40 metros, sem comprometer a segurança do motorista e de quem estiver no entorno.

Para isso, o sistema funciona em quatro estágios: no primeiro, um sinal visual é emitido no painel e refletido no vidro para avisar o motorista. Se nenhuma medida for tomada, a ação se repete agregada a um sinal sonoro. E se mesmo assim não houver uma intervenção do motorista, automaticamente o sistema de frenagem reduz a velocidade do caminhão em 50%, chegando a pará-lo por completo se nada for feito. Contudo, quando o freio de emergência é acionado, as luzes de freio do caminhão e da carreta começam a piscar.

O sistema monitora os veículos da frente com a ajuda de câmeras e radares capazes de fazer a leitura mesmo com névoa ou neblina. Após mais cinco segundos, sem qualquer movimento do volante, ou outra reação, o freio de mão é automaticamente engatado como medida de segurança para evitar que o caminhão saia da inércia, caso o condutor esteja inconsciente. Vale ressaltar, ainda, que no Brasil o Emergency Brake chegou em 2009 nos caminhões da marca, recebendo tais melhorias a partir da linha 2014.

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Volvo instala câmeras nos caminhões conforme o perfil da operação, e as imagens podem ser visualizadas no painel multimídia. Para Carl Almqvist, é vital as pessoas estarem cientes dos riscos e saberem como evitá-los

Veja e Seja Visto, frase que a Volvo usou para promover sua campanha de comunicação entre motoristas e pedestres e se encaixa perfeitamente para descrever uma nova solução da marca para promover a visibilidade entre motoristas e pedestres.

A Volvo começa a instalar câmeras que podem ser visualizadas pelo motorista no painel multimídia do veículo. Essas câmeras serão adaptadas no veículo conforme o perfil e necessidade de cada operação.

Em um caminhão rodoviário como FH e FM, por exemplo, a maior necessidade de visibilidade do motorista é ao virar com o caminhão a direita ou a esquerda. Por essa razão, nesses veículos, as câmeras estão instaladas nas partes laterais dos veículos. No Volvo FMX, a câmera é adaptada na parte frontal e traseira, pelo fato de haver muitas manobras na operação fora de estrada.

Além das câmeras, modelos urbanos como FE e FL (à venda apenas na Europa) terão versões produzidas em vidro na parte inferior da porta, a fim de melhorar a visibilidade do condutor nas operações urbanas. Uma maneira de garantir que o pedestre enxergue o motorista e entenda sua ação no volante.

Inteligência artificial— Recentemente, a fabricante apresentou no Brasil o caminhão VM 270 autônomo que opera no transbordo da colheita de cana-de-açúcar com o propósito de reduzir o pisoteamento dos grãos, já que possui um índice de precisão na direção de 2,5 centímetros.

See and Be Seen

Na Europa, a Volvo também possui caminhão autônomo atuando na mineração e na coleta seletiva de resíduos – neste, o desenvolvimento exigiu mais da engenharia da Volvo.

Diferentemente dos caminhões que operam em ambientes fechados como o VM na agricultura e o FMX na mineração, o FM para coleta seletiva atua pelas ruas de Gotemburgo, cidade berço da Volvo na Suécia. E por ele trafegar fora de um ambiente controlado é equipado com uma série de sensores que enxergam todo o trânsito em seu entorno e que são capazes de ajudar o veículo a trafegar e entender a hora de parar quando perceber um obstáculo, mesmo que repentinamente em qualquer direção.

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“Conduzir um veículo comercial em uma área urbana, com ruas estreitas e pedestres ou ciclistas no entorno, naturalmente, impõe grandes exigências de segurança”, ressalta Almqvist.

São com essas exigências, transformadas em soluções tecnológicas, que a Volvo deu a sua colaboração para a redução de acidentes envolvendo veículos comerciais na última década na Europa, segundo relatório de segurança da Volvo Trucks 2017. No entanto, para o executivo da Volvo, o desafio agora é conscientizar transeuntes, e para isso, além da comunicação será necessário o desenvolvimento de mais soluções tecnológicas.