Por João Geraldo
Fotos: Divulgação
Embora o caminhão autônomo – que viaja sem o motorista ao volante – seja uma realidade, a previsão é que ele esteja em operação somente em 2025. Até lá, tanto as montadoras quanto as empresas parceiras que trabalham com tecnologia embarcada deverão ir equipando aos poucos os novos modelos que chegam ao mercado. Isso porque certas tecnologias incorporadas dependem de legislação específica para os caminhões serem disponibilizados ao mercado.
Outras inovações da condução automatizada, como ter uma leitura completa da rodovia e das condições do clima e do tráfego, entre várias outras informações, também fazem parte de um pacote focado na economia de combustível e na segurança. Trata-se de inovações que apesar de soarem como ficção científica já estão prontas sendo que algumas delas estão no mercado e outras previstas para chegar ao mercado já a partir de 2016.
Uma delas é o ProViu®Mirror, câmera de alta definição desenvolvida pela empresa alemã Continental, que substituirá o tradicional espelho retrovisor. As imagens são captadas e transferidas em alta definição para dois displays de 12 polegadas instalados um de cada lado dentro da cabine. O Dr. Michael Ruf, vice-presidente da unidade de negócios de veículos comerciais e pós-vendas da Continental AG, explica que as câmeras maximizam o campo de visão e reduzem os pontos cegos do caminhão, além de reduzirem o consumo de combustível entre um e dois por centro devido à menor resistência do veículo ao ar.
“Este sistema de câmeras é futurista, uma alternativa revolucionária para os espelhos retrovisores externos, mas a legislação na Europa ainda não permite a substituição, embora a lei já esteja escrita e falta apenas ser aplicada” explica Ruf, acrescentado que a expectativa é que os dispositivos comecem a ser utilizados nos caminhões em 2016. Ainda de acordo com ele, o fator segurança foi a principal prioridade durante o desenvolvimento do ProViu®Mirror e o veículo de teste equipado com as câmeras percorreu mais de 10 mil quilômetros. Ao final, os motoristas confirmaram haver melhorias em termos de segurança e menos movimentos da cabeça para visualizar o trânsito , além da adaptação rápida ao novo sistema de retrovisores.
Outro elemento futurístico apresentado por Ruf, em sua visita à fábrica da Continental no Brasil, é o eHorizon, sistema conectado à “nuvem” (armazenamento de dados em serviços que podem ser acessados de qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, sem haver necessidade de instalação de programas) que reconhece a estrada, dá informação do tráfego, calcula a melhor rota e dá informações de acidentes além de contribuir para a economia de combustível. Veículo equipado com o sistema consegue detectar situações específicas antes delas serem reconhecidas pelo motorista e controlar a velocidade adaptando a potência do motor e da caixa de transmissão às condições da rodovia. O sistema já está presente nos caminhões MAN apresentados na IAA (feira de veículos comerciais realizada a cada dois anos em Hanover/Alemanha).
No futuro, ele acrescenta, o sistema usará dados de navegação de forma cada vez mais proveitosa, se utilizando de informações compartilhadas para alimentar mapas com informações vindas de outros usuários da rodovia. Ruf destaca que com isso os mapas digitais serão cada vez mais precisos e atualizados. “Isso evitará acelerações desnecessárias antes de curvas ou subidas e poderá reduzir o consumo de combustível em até 6% e reduzindo as situações de risco”, diz, acrescentado que o sistema estará cada vez mais confiável conforme mais informações estiverem disponíveis para alimentá-lo. Com as informações, os veículos serão capazes de identificar as condições da estrada, tanto físicas quanto metrológicas muito antes do motorista se preparar adaptando potência do motor e da caixa de câmbio, além de orientar sobre áreas congestionadas.
Os dados chegam ao sistema do caminhão, denominado Dinamic eHorizon via fontes de internet e também de sensores do veículo, tais como radares e câmeras de alta performance, componentes que servem de base para a condução automatizada. As câmeras são utilizadas para funções avisos de faixas de saída ou reconhecimento de sinais de trânsito, enquanto os sistemas de radares de longo alcance são a base para assistentes de frenagem de emergência e reduzir riscos de colisões traseiras. Todo esse pacote de tecnologia é parte do que a Continental chama de ITS (Sistema Inteligente de Transporte), que resulta em veículos comerciais eficientes, sustentáveis e seguros. Michael Ruf diz que é esperado que dentro de três a quatro anos a condução automatizada já esteja mais presente nas estradas.
