Por João Geraldo

A poluição do ar provocada por veículos automotores nas grandes metrópoles tem sido uma das principais preocupações da atualidade em várias partes do mundo. Apesar de o problema atingir as populações em diferentes níveis, o fato é que a fumaça entra no corpo humano e provoca males, principalmente o agravamento de doenças no sistema respiratório e na circulação do sangue.

A cidade de São Paulo, considerada a maior da América Latina, convive com o problema da poluição e da baixa qualidade do ar causada pela frota de veículos que circula ou passa diariamente pela metrópole, sendo que o problema maior vem dos veículos com motores a diesel. Os caminhões – estima-se que cerca de 200 mil transitam diariamente pela Capital – que já vistos no trânsito como vilões, devido à fumaça e ao espaço que ocupam nas vias, são os mais visados como poluidores, o que não deixa de ser uma verdade porque nem todos os proprietários ou motoristas têm preocupação em manter os veículos regulados. Um dos trabalhos para se tentar melhorar a qualidade do ar é desenvolvido pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental- CETESB -, através de operações de fiscalização de caminhões em todo o Estado de São Paulo. De acordo com Daniel Schmidt, gerente do setor de fiscalização da empresa, todos os anos os comandos de fiscalização são intensificados no período entre início de junho e final de agosto, porque nos meses de inverno as condições climáticas tornam-se desfavoráveis à dispersão dos poluentes. “Este fenômeno piora a qualidade do ar e resulta no aumento de internações e de mortes por doenças respiratórias e cardíacas”, explica.

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Objetivo da Operação Inverno é melhorar a qualidade do ar, mas se a fumaça estiver acima de 60% na escala Ringelmann pode ocorrer a multa

Nestas operações os veículos são avaliados com a “Escala de Ringelmann” e os que apresentarem irregularidades são autuados. Schmidt acrescenta que como incentivo, à manutenção é oferecida a possibilidade de redução em até 70% do valor da multa recebida se for comprovada a manutenção na rede de oficinas capacitadas pela Cetesb. “O objetivo da operação não é multar, porque entre as ações da campanha se destaca as inspeções com opacímetro (aparelho para medir a intensidade da fumaça) e orientação aos motoristas para a correta manutenção do motor do caminhão, a qual também gera economia de combustível, além do ganho na qualidade do ar. Nos casos de aplicação da multa – que pode ocorrer quando o índice de fumaça preta estiver acima de 60% da Escala de Ringelmann – o valor é de R$ 1.162,20, referentes a 60 Ufesp.

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Todos os anos a fiscalização é intensificada no período entre junho e agosto, e os caminhões são os veículos mais visados

De acordo com relatório da Cetesb, no ano passado foram lavradas 19.333 multas em todo o Estado de São Paulo, sendo que deste total 17.452 foram incluídas. Os meses de maior incidência foram junho (2.063). julho (2.509) e agosto (2.887) multas aplicadas. Ainda de acordo com a relação, o total de multas lavradas em 2011 atingiu 16.207 e destas 14.606 foram incluídas.

Males da fumaça
Afumaça preta produzida pelos veículos contém, entre outros elementos, o Material Particulado (MP), que representa um risco à saúde humana porque agrava quadros alérgicos de asma e bronquite. O que fica retido no nariz e garganta, causa irritações e facilita a propagação de infecções.

O MP é o poluente atmosférico mais consistente associado a efeitos adversos à saúde humana. Ele constitui a maior parte da massa que sai do escapamento de veículos com motor a diesel, e cerca de 80% é fuligem (a fumaça preta), a qual é composta de partículas muito pequenas, invisíveis, que inaladas vão parar nos alvéolos reduzindo a resistência do organismo e agravando casos de doenças respiratórias e do coração. Além disso, causa danos à estrutura e fachada dos edifícios e danificam a vegetação. Quem estiver interessado em mais informações pode usar o Disque Ambiente 0800 113560 ou pelo site www.cetesb.sp.gov.br

O que provoca a fumaça preta

Os principais causadores da fumaça preta estão diretamente ligados a três situações: manutenção, condução e combustível.

– MANUTENÇÃO  • Escapamento: deve estar de acordo com as especificações do fabricante do veículo e ser substituído quando apresentar perfurações;  • Óleo lubrificante: ter especificação e intervalos de troca conforme especificação do fabricante do veículo  • Outros itens: Regulagem do motor; drenagem e limpeza do tanque; ponto de injeção especificado; filtro de ar em boas condições; compressão dos cilindros; bomba regulada e lacrada; calibração dos pneus; bicos injetores (original, regulados e sem carbonização) e revisões preventivas.

– CONDUÇÃO
• Trocas de marcha inadequadas;

• Acelerações bruscas;
• Freios “pegando”;

• Pneus murchos e
• Sobrecarga

– COMBUSTÍVEL
Densidade; origem; contaminação por água, outros
líquidos e microorganismos; teor de enxofre e turbidez.