Por João Geraldo

Os caminhões Scania da linha 2012, preparados para atender a próxima fase do programa brasileiro de emissões, o Proconve P-7, trazem várias modificações estéticas, de conforto e segurança, mas o grande destaque fica por conta da motorização que passará a equipar os veículos da marca a partir de janeiro do próximo ano. Os novos engenhos de nove e 13 litros que vão substituir os atuais de 11 e 12 litros marcam o lançamento no Brasil de uma nova plataforma mundial de motores. “Depois de demonstrar as mudanças na cabine e no ambiente de trabalho do motorista, a montadora mostrará as novidades no trem de força dos caminhões, especialmente nos motores e no Scania Opticruise e Retarder”, disse Roberto Leoncini, diretor geral da Scania no Brasil. Outra novidade da marca é o lançamento de uma versão extrapesada com 620cv de potência.

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Com motor V8, Scania oferece caminhões de alta potência produzidos em território nacional

A nova linha de motores é composta por engenhos de cinco cilindros e 9,3 litros, com potências de 270 e 310cv, e os de seis cilindros e 12,7 litros, nas versões de 360, 400, 440 e 480cv. Outras duas opções para modelos mais potentes são os V8, de 15,6 litros, com 560 e 620cv de potência. “Os V8 Scania estão dominando a faixa de alta potência no mercado de caminhões em muitas partes do mundo, respondendo por mais da metade do volume total de vendas nas faixas de 600cv e também acima”, comenta Roberto Leoncini. Ainda de acordo com ele, existe no Brasil um nicho bem específico para este tipo de motor e potência.

Os caminhões Scania com motor em V trazem como identificação certos diferenciais, inclusive na aparência externa, em relação aos produtos com motor em linha. A parte externa traz estampada o grifo da marca, com potência e logotipo do V8 em acabamento na frente e frisos ao redor das entradas de ar, ambos cromados. A grade dianteira é destacada em preto com padrão próprio de malha e disponibiliza, como opcional, faróis de xenôn com molduras escuras. Dentro da cabine o número de diferenciais é maior, como opção para volante e bancos revestidos em couro, pedais de metal especiais com blocos de borracha e símbolo do V8 no painel quando o veículo se encontra em marcha lenta, entre outros itens.

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Caminhão movido a etanol atende norma do Proconve P-7 sem ter o sistema SCR, que utiliza ARLA32

Em relação aos motores com quatro e seis cilindros em linha, as mudanças com a nova plataforma mantiveram os cabeçotes individuais para cada cilindro, o eixo de comando localizado em posição elevada no bloco e engrenagens de sincronização na parte traseira. “O projeto inteiro é modular e foi concebido para facilitar a manutenção. Além disso, a necessidade de treinamento do pessoal da oficina é significativamente reduzida, porque a arquitetura básica continua sendo a mesma de antes”, afirmou Celso Mendonça, gerente de pré-venda de caminhões Scania. O motor de 13 litros e seis cilindros teve o bloco reforçado e o diâmetro do pistão aumentado, além de maior curso do pistão, enquanto o de 9,3 litros e cinco cilindros sofreu alteração somente no diâmetro do pistão. De acordo com a montadora, as modificações técnicas proporcionaram ganhos de 9% no torque e de 5% na potência.

Os novos motores receberam também no pistão uma camisa com anel que funciona como um limpador da parte superior, impedindo acúmulo de carbono e de material particulado. Esta solução, informa a montadora, gera economia de combustível e proporciona mais vida útil ao motor. “A parte do coletor também foi refeita para aprimorar o freio motor, que teve um ganho de cinco por cento”, complementa Mendonça, destacando que a reformulação proporcionou 7% em economia de combustível.

Motor de 13 litros teve bloco reforçado e pistão com diâmetro e curso aumentados
Motor de 13 litros teve bloco reforçado e pistão com diâmetro e curso aumentados

Além dos caminhões a diesel, a Scania está lançando uma versão equipada com motor a bioetanol, como solução para um transporte mais sustentável. Trata-se do modelo semipesado P 270 equipado com motor de 8,9 litros e 270cv de potência a partir de 1.100 rpm. É um motor que apesar do combustível opera com ignição por compressão, como acontece com o motor diesel, inclusive com eficiência térmica semelhante, de 44,45%, segundo informações da montadora. Um detalhe é que este motor não necessita de ARLA 32 para atender as normas do Proconve P-7. De acordo com Roberto Leoncini, a demanda partiu de clientes da marca que precisam de alternativas para atender às exigências de redução no impacto sócio-ambiental da atividade de transporte por parte de embarcadores. Este produto já é disponibilizado pela Scania da Suécia para o mercado da Europa.

Outra novidade da montadora para sua linha 2012 de caminhões é a terceira geração da caixa de câmbio automatizada Opticruise. Esta nova versão que está chegando ao mercado brasileiro é equipada com um software mais inteligente e com menos componentes. Celso Mendonça explica que este novo equipamento é mais ágil e com maior capacidade para entender melhor o comportamento e a forma de dirigir do motorista, conseguindo antever algumas situações de risco e corrigí-las independente da velocidade e das condições topográficas em que o caminhão se encontra. “Com o Opticruise, os motoristas guiam com mais calma e de forma mais estável. Desta maneira o veículo economiza combustível, poupa pneus e freios, além de aumentar a segurança e reduzir o impacto ao meio ambiente”, acrescenta Mendonça.

Com três modos de condução, os controles do câmbio automatizado estão localizados na alavanca à direita do volante
Com três modos de condução, os controles do câmbio automatizado estão localizados na alavanca à direita do volante

Todos os controles da caixa de câmbio automatizada estão integrados na alavanca à direita do volante e oferece três modos de condução: Normal, para otimizar a economia de combustível, com bom desempenho nos trechos de subidas. Para isso o sistema ajusta o motor na faixa de torque máximo quando necessário. O modo Potência é destinado a viagens com cargas horárias, sendo que o desempenho em aclives é adaptado para ajustar o giro do motor na faixa de potência máxima. Em contrapartida há maior consumo de combustível, mas os trechos de subida são vencidos mais rapidamente e com engates ligeiramente mais rápidos do que o modo normal. Na opção Fora de estrada, o número de trocas é minimizado e permite que o giro do motor varie ao longo de uma faixa de rotação mais ampla. As mudanças são mais rápidas e a marcha de partida é sempre mais baixa que a necessária.

Além da nova motorização e da caixa de câmbio automatizada mais moderna, a Scania procedeu mudanças também no Scania Retarder, cujo torque máximo aumentou para 3.500 Nm e em 40% o torque de frenagem em baixos níveis de giro. De acordo com informações da montadora, a grande diferença entre o novo Scania Retarder e a versão anterior é a maior capacidade de frenagem em velocidades inferiores a 20 km/hora.