Revista O Carreteiro – Que ações a Scania está promovendo no Brasil para a valorização do motorista de caminhão e como são?
João Miguel Capussi – Estamos começando a trabalhar um novo projeto de excelência em serviço, que terá início a partir de janeiro de 2009. São ações em nossa rede que irão beneficiar os motoristas de caminhão, porque queremos oferecer mais ainda aos profissionais que levam os veículos às nossas casas, seja para revisão preventiva ou corretiva.

O Carreteiro – E como serão estas ações e como poderão beneficiar os carreteiros?
João Miguel Capussi – Acreditamos que podemos melhorar ainda mais o atendimento em nossas casas, onde temos o vendedor, que recebe muito bem o cliente; quem vende a peça e o consultor de serviços. Estes três profissionais são preparados para prestar bom atendimento, agora esta qualidade será extensiva também aos mecânicos e todo o pessoal de serviço. O nome deste projeto é “Scania, tudo por você”.

O Carreteiro – Porque esta preocupação em treinar o mecânico para atender o motorista?
João Miguel Capussi – Sabemos bem que quem leva o caminhão até a rede de concessionários não é quem o compra e sim o motorista, que muitas vezes fica esperando o serviço ser concluído sem ter um atendimento, por parte do mecânico, a contento.

O Carreteiro – Ao que parece, o objetivo da Scania é dar mais atenção ao carreteiro.Mas o que ele leva disso tudo?
João Miguel Capussi – O que pretendemos é promover a valorização do motorista profissional e vamos fazer isso através de uma padronização no atendimento. Também faz parte do trabalho acabar com o mito de que as peças nas concessionárias são mais caras do que no mercado paralelo de autopeças.

O Carreteiro – Como que a Scania vai mostrar ao motorista que ele pode pagar menos comprando nas suas casas?
João Miguel Capussi – Nosso mecânico poderá ajudar o motorista mostrando a ele as vantagens de comprar uma peça na rede, pois ele terá garantias e pode ser atendido em nossas casas em qualquer lugar onde ele estiver com o caminhão. Isso já não acontece com quem adquire uma peça no mercado paralelo, mesmo com garantias oferecidas. Por isso temos de treinar nossos mecânicos, para eles também mostrarem aos clientes as vantagens que não aparecem. Os concessionários têm um diferencial que ninguém oferece. Nossa garantia é estendida aos 154 pontos na América do Sul, e não só onde a peça foi comprada.

O Carreteiro – O que mais a Scania pretende fazer em suas casas para tentar ajudar o motorista de caminhão?
João Miguel Capussi – Outra ação que faz parte do nosso projeto é transformar a rede para fazer manutenção também em implementos, no sistema de ar, molas, suspensão, freio e outros serviços. Desta maneira o motorista realiza tudo o que for necessário ao caminhão e também ao implemento num mesmo lugar e ganha tempo.

O Carreteiro – Este atendimento será disponibilizado em toda a rede?
João Miguel Capussi – Algumas casas já prestam este tipo de atendimento, mas nossa meta é que todas as unidades da América Latina façam este serviço.

O Carreteiro – Esta não seria também uma forma de beneficiar o concessionário, oferecendo-lhe mais serviço de oficina?
João Miguel Capussi – Hoje, com os novos caminhões Scania, diminuiu muito a necessidade de entradas nas oficinas das concessionárias para fazer serviços e por isso a Scania abriu o leque para dar outros serviços para o concessionário. Poucas casas tinham reformadora e agora outras já começam a incorporar serviços. Cito como exemplo a Itaipu, em Minas Gerais e a Codema, em São Paulo, que já abriram reformadoras exclusivas para funilaria, pintura e alinhamento de chassi, entre outros serviços.

O Carreteiro – Os frotistas e os profissionais dos centros de treinamento dizem que existe hoje no Brasil uma carência de 80 mil motoristas de caminhão treinados e qualificados para atender a demanda do setor. Neste aspecto, qual a contribuição da Scania?
João Miguel Capussi – A Scania está bastante envolvida na questão do treinamento para motoristas, que envolve profissionais com até mais de 20 anos na profissão. Investimos forte nas escolas que apoiamos. Temos 31 caminhões só na Fabet e também em outras entidades como a ATC, em Rondonópolis/MT; na Centronor, em Vacaria/RS e no CQT, em Maringá/PR.

O Carreteiro – Como você avalia os resultados destes centros de treinamento?
João Miguel Capussi – Os números que as escolas têm passado para nós são grandes em termos de melhor aproveitamento do motorista após fazer os cursos. Em consumo de combustível, há um ganho de 15%, porque o motorista melhora muito sua performance. Só as trocas de marchas são reduzidas entre 25 a 30%. O profissional reduz também o consumo de freio de serviço, em 33%,além de disco e platô, entre outros componentes. Enfim, o motorista reduz o custo operacional do caminhão.

O Carreteiro – E a questão da segurança. Você tem algum número em relação à redução de acidentes?
João Miguel Capussi – O motorista treinado dirige com maior segurança, porque todas as escolas trabalham também com o foco na redução de acidentes. Tanto que já tem seguradora reduzindo o preço da apólice para motorista que tem curso na Fabet e Centronor.

O Carreteiro – Até que ponto o concurso O Melhor Motorista de Caminhão do Brasil contribui para o treinamento do motorista e a segurança nas estradas?
João Miguel Capussi – Além do trabalho nas casas e nas escolas nós fazemos o Melhor Motorista de Caminhão. O projeto se chama “Educação para a Segurança” e embaixo dele temos um guarda-chuva com palestras, seminários, escolas para formação e reciclagem de motoristas e a competição o Melhor Motorista de Caminhão do Brasil.Temos palestras do nível patronal, na NTC e Sest/Senat, onde trazemos os legisladores, operadores, transportadores para discutir a segurança e falarmos da redução de jornada ou estabelecer jornada compatível, questões do sono, das drogas e da saúde do motorista. Por um lado trabalhamos conscientização do motorista e por outro o lado patronal, que faz a legislação, como os sindicatos e associações, para que dêem meios legais para que o motorista tenha uma condição de trabalho adequada.

O Carreteiro – E a parte da competição do concurso?
João Miguel Capussi – Hoje, quando se fala de competição de motorista, a gente fala de educação para a sociedade inteira. Eu sempre digo que a Imprensa é o meio de levar esta mensagem para a sociedade, para o motorista e para o patrão. Na competição, a gente trabalha o profissional, a valorização dele sempre focando na questão da segurança. Atitude segura, obediência da legislação, direção defensiva e principalmente a questão da prova da manobra. É tudo um jogo lúdico para atrair o motorista, a sociedade, a imprensa, para discutir a segurança. Quando a gente começou em 2003 era uma coisa pequena, em 2005 já se tornou um projeto reconhecido e 2007 e 2008 foi a afirmação. Hoje a gente não vive mais sem esta competição. A Scania incorporou isso na sua cultura. Os motoristas já esperam e perguntam quando é que começa, quando vai ser e se terá etapa nas suas cidades.

O Carreteiro – Como vocês lidam com essa questão?
João Miguel Capussi – Isso traz solicitações de algumas empresas, como foi o caso da Vale, que nos chamou para fazer um projeto pontual numa parte do Estado de Minas Gerais, na região de Inconfidentes e Alto do Paraopeba, onde circulam muito transporte de minério. Naquela região, o motorista de caminhão já estava sendo visto pelos motoristas de carros pequenos como um elemento nocivo, com uma freqüência muito grande de caminhões e às vezes com excesso de velocidade.Então esta competição é para trabalhar com o motorista, com a PRF e com a sociedade local para mudar esta visão de que o motorista de caminhão dirige de forma perigosa e causa acidentes. Além da PRF estão as Prefeituras, Scania e Denatran. Vamos fazer em Nova Lima, Congonhas e Itabirito. Os prefeitos de outras cidades da região também querem ter etapa em suas cidades. São motoristas que fazem o transporte das minas para as unidades de processo de minério.

O Carreteiro – Quando acontecerá a competição em Minas Gerais?
João Miguel Capussi – A primeira competição sai em novembro, dias 15 e 16, em Nova Lima, dias 22 e 23 em Itabirito e 29 e 30 em Congonhas. A final será no dia 06 de dezembro. Temos um universo de 3.000 motoristas naquele trecho e estamos achando que dá para fazer com 300 motoristas participantes da regional e a final com seis.

O Carreteiro – Além do transporte de minério, existem outros segmentos interessados em ter O Melhor Motorista?
João Miguel Capussi – Sim, temos demanda do setor canavieiro e de ônibus. Para 2009 estamos pensando em fazer uma segmentação da competição. Existe esta possibilidade para 2009. Ainda não temos a data definida, mas termina em setembro.