Por João Geraldo

Com um volume superior a nove milhões de unidades anuais, a reforma de pneus de carga tem sido uma atividade bastante atrativa no País, principalmente para os fabricantes de pneus, os quais de uns anos para cá começaram a atuar com maior interesse no segmento. Empresas como a Goodyear, Michelin e Pirelli já participam com seus produtos neste mercado, o qual este ano viu a Bridgestone Firestone concretizar a aquisição da Bandag, uma das gigantes do setor.

A mais recente novidade na área vem da Michelin, que após quatro anos de trabalho passou a disponibilizar, no final de novembro, um novo produto denominado Refill. Trata-se de um processo que reúne banda de rodagem, processo e sistema de qualidade e garantia (tudo da Michelin) e que chegou para reforçar o conceito de que o reformado é um pneu novo, desde que o processo e produtos utilizados na reforma estejam comprometidos com a qualidade, além de ter na reforma o peso da mão de profissionais preparados.

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De acordo com o diretor comercial de pneus de carga da Michelin América do Sul, Nour Bouhassoun, a partir do lançamento do Refill, quem comprar pneu Michelin não precisa mais recapar, porque a empresa vende um pneu que será novo outra vez. ” O usuário não aproveita bem as carcaças e o desafio da Michelin é explorar o potencial máximo das carcaças da marca. Para explicar a citação de que o pneu será novo outra vez é necessário lembrar que o Refill é parte de um processo cuja reforma do pneu só pode ser feita na carcaça Michelin.

Além da banda de rodagem ser produzida com um novo composto de borracha, e ter sua aplicação controlada por computador, ela é afixada à carcaça por um processo que une os dois tipos de borracha com aplicação de uma goma de ligação que impossibilita sua descolagem. “Não haverá mais banda descolada, porque tudo se transforma em uma só coisa, como pneu novo. Porém, o serviço de reforma tem de ser feito do jeito da Michelin”, acrescentou.

Outro diferencial é o sistema de averiguação da carcaça através de um aparelho denominado EPD (Eletronic Perforation Detector), que detecta, eletronicamente, danos e furos invisíveis. De acordo com Nour Bouhassoun, o sistema propicia menor risco de infiltrações no pneu e ganho de até 20% na eficácia de detecção de furos. Segundo ele, a maior parte dos problemas atualmente na carcaça se deve a furos.

Com a oferta de um rendimento quilométrico de 40% a mais na vida útil do pneu – principalmente porque os materiais e processo propiciam menor aquecimento da carcaça – a empresa aposta que o Refill vai de encontro aos interesses tanto do frotista quanto do motorista, que por sua vez também busca maior produtividade, qualidade e segurança, quando adquire uma recapagem.

Bouhassoun explica que a garantia concedida pela empresa para o novo sistema de reforma abrange justamente as situações que estão fora do controle do usuário, tais como acidentes e descolagens, entre outros. Na sua opinião, este é um forte atrativo que levará os transportadores a optarem pelo produto, que chega com preço afixado em 10% acima da reforma Recamic, que há anos traz o selo com a marca da empresa.

Atualmente a Michelin tem duas carcaças, sendo que ambas estão aptas a receber o Refill, porém, de acordo com Bouhassoun, a que incorpora a tecnologia MDT – a mais recente – é a que tem sua vida útil estendida após passar pelo novo processo. A primeira revenda licenciada pela Michelin a trabalhar com o Refill é a Treviso, em Betim/MG, mas os planos para 2008 são de disponibilizar o serviço para licenciados instalados em outros Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Porém, não se trata apenas de querer ter o sistema, porque o mesmo exige investimentos, inclusive que o licenciado possua e mantenha certificação ISO 9001:2000. O sistema Recamic continuará sendo oferecido, mas os pontos que operarem o sistema Refill vão utilizar a tecnologia para executar o serviço de reforma que já vinha sendo oferecido nas 36 casas da rede.

“Queremos valorizar o pneu e não apenas vender bandas de rodagem”, diz Bouhassoun. Para ele, o fato de o Brasil ter sido escolhido para estrear o novo processo é motivo de orgulho e também de responsabilidade, porque a matriz está de olho nos resultados.