Passaram-se 20 anos até que o autônomo Claudino Silveira Gonçalves, de Alvorada/RS, 68 anos de idade e 40 de estrada, conseguisse deixar o seu Mercedes-Benz 1513, ano 74, exatamente como ele queria. O fato de o veículo ter sido adquirido em um desmanche, por R$ 1.400,00, no ano de 1986, é uma boa indicação do motivo de ter demorado tanto tempo em reforma.

Na época, um modelo igual e em bom estado era avaliado em aproximadamente R$ 40 mil, o que também serve como referência para se ter uma idéia do estado em que se encontrava o veículo quando Claudino Silveira resolveu comprá-lo. Conforme explica o próprio dono do caminhão, pintura e mecânica praticamente não existiam mais, tanto é que saiu do desmanche rebocado e levado direto para a concessionária da marca, onde foi realizada a maior parte do trabalho de recuperação.

Na parte mecânica, o motor original foi substituído por outro do modelo Mercedes-Benz L1621 (produzido no período de 1988 a 1996), que na configuração original tem 210cv de potência, mas após receber turbina e intercooler passou a 225cv. A caixa de câmbio original foi substituida por uma unidade ZF 5680, além do diferencial reduzido, da marca Rockwell, emprestado de um cavalo mecânico Volkswagen.

O destaque maior, entretanto, ficou por conta da cabine, que passou a ser com teto alto, o suficiente para comportar, em pé, uma pessoa com altura de até 1,70m. Para aproveitar melhor o espaço interno foram instalados nove maleiros e na parte de conforto para o motorista e ocupantes, Claudino colocou aparelho de ar-condicionado, levantadores elétricos de vidros das janelas e um banco do motorista projetado por ele, que além de ser reclinável gira 360o.

Todos os componentes inseridos ao veículo deram uma nova cara ao veículo, de modo que, como reconhece o proprietário, fica difícil lembrar ou até acreditar que se trata de um caminhão fabricado há mais de 30 anos. O intrigante é o fato de após todos esses anos e um investimento que, de acordo com as contas de Claudino chegou perto de R$ 200 mil, ele anunciou que pretende vender o veículo e iniciar um novo negócio. “O frete não compensa mais. Nos anos 80 cheguei a abrir uma transportadora com sete caminhões, porém, por problemas com um dos funcionários fui obrigado a fechar. Hoje não consigo imaginar como seria possível ter mais um caminhão se não dou conta de um. Tudo aumenta menos o frete”, comenta.

Quanto ao seu futuro após vender o caminhão, Claudino diz que ainda não sabe o que vai fazer, mas garante que não ficará parado. “Com a venda desse MB1513 pretendo abrir um novo negócio, que seja um pouco mais rentável. Comecei na profissão talvez por estar no sangue, mas, infelizmente, não vejo mais futuro nela”, finaliza. Atualmente, o veículo está com 238 mil quilômetros rodados (DG).