Por João Geraldo

As vendas de caminhões do mês de janeiro ficaram abaixo das expectativas de especialistas da indústria de veículos pesados, mas o resultado de 6.669 unidades acima de 3,5 toneladas de PBT também não é considerado tão ruim para o setor. Medidas do governo para amenizar a queda nas vendas, tais como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a ampliação do prazo e do valor para financiamentos de veículos pesados dividem opiniões se teve ou não efeito sobre o mercado de caminhões, mas o que todos concordam é que ainda é cedo para se fazer qualquer diagnóstico sobre como ficará o mercado este ano.

Mansur: ainda é cedo para fazer previsões
Mansur: ainda é cedo para fazer previsões

Gilson Mansur, diretor de vendas de caminhões da Mercedes-Benz, diz que é preciso esperar um pouco mais para se tentar traçar um perfil do que poderá ser o mercado de caminhões em 2009. Lembra que o quarto trimestre de 2008 registrou uma queda entre 20 e 25% nas vendas, mas alivia afirmando que existe uma tendência de evolução nas vendas para os segmentos de cana-de-açúcar e de transporte de combustível. “Mas ainda é muito cedo para fazer previsões, teremos de aguardar pelo menos até o mês de março para traçar a performance do mercado”, disse. Em relação à questão das medidas implantadas pelo governo, Mansur acrescentou ter percebido que alguns clientes têm realizado consultas e eventuais compras para aproveitar a redução do IPI.

Para Roberto Leoncini, diretor de vendas de veículos da Scania, janeiro de 2009 foi melhor do que o do ano passado. Ele destacou que em 2008 foram vendidos 239 veículos da marca, mas que em janeiro faturou 306 unidades. “Além disso, o último trimestre do ano passado foi muito bom para nós, porque fizemos entregas de caminhões e recuperamos participação no mercado. Tínhamos intenção de começar o ano com o pé direito e conseguimos”, comemorou.

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Leoncini: o mês de janeiro foi melhor do que dezembro

Leoncini disse ainda que 43% das vendas do primeiro mês do ano foram para o Consórcio Nacional Scania e o restante para clientes de médio e grande porte que transportam soja e admite que a redução do IPI ajudou bastante a alavancar as vendas, e lembra que o percentual chega a ser de quase cinco por cento e para quem compra um lote de caminhões faz uma boa diferença no preço final.

Na Volkswagen Caminhões e Ônibus, as vendas de 2.546 caminhões representaram o segundo melhor resultado da história da montadora, desde o início da produção em 1981. Ricardo Alouche, diretor de vendas e marketing, disse que nesse momento são as pequenas e médias empresas que estão comprando, enquanto as grandes suspenderam as aquisições. Ele citou também que não tem um grande destaque em relação ao setor que está comprando mais, e acrescentou que a queda maior foi no segmento fora-de-estrada.

Alouche: redução do IPI ajudou a segurar o mercado
Alouche: redução do IPI ajudou a segurar o mercado

Até a metade do mês de janeiro as vendas da montadora estavam fracas, porém houve um crescimento a partir da segunda quinzena, fechando o período com um resultado superior a 2007, ocasião em que foram vendidos 1.925 caminhões, valor inferior a janeiro de 2008, cujas vendas chegaram a 3.192 unidades. “Quanto à tendência do mercado de caminhões para este ano, o ideal é esperar o primeiro trimestre para que os ajustes de toda a economia sejam efetivados”, disse. Alouche concluiu citando que a redução de IPI contribuiu para o mercado de caminhões não cair ainda mais, porém não gerou ainda o resultado esperado como no segmento de automóveis de passeio.

A Ford Caminhões fechou o mês de janeiro com 1.209 caminhões vendidos, volume que garantiu à marca participação de 20,1% no mercado. Oswaldo Jardim, diretor das operações da Ford Caminhões para a América do Sul, lembrou que a redução de IPI poderia ter causado maior impacto no resultado das vendas, caso não tivesse sido anunciado no final de dezembro de 2008 – após a divulgação para os automóveis de passeio – e com isso a notícia não teve tanto destaque na Imprensa. “Além disso, janeiro sempre apresenta menor volume de vendas, portanto é cedo ainda para avaliar o impacto da redução de IPI para os caminhões. Porém, estamos seguros de que em fevereiro e março, quando acaba a redução, os clientes poderão antecipar algumas compras”, opinou. Jardim disse ainda que os segmentos que mais cresceram para a marca Ford foram os modelos leves (de 6 a 10 toneladas) e pesados 6X2.

Jardim: expectativa de um ano superior ao de 2007
Jardim: expectativa de um ano superior ao de 2007

O executivo citou também que o crescimento da indústria em 2008 foi fantástico, com 121 mil unidades vendidas, e ficou acima de 2007, que já tinha sido um excelente ano de vendas com 100 mil caminhões. “Para este ano, considerando as condições da economia, que tem estado bastante volátil, prevemos um ano superior ao de 2007. Acreditamos que 2009 terá um volume bastante aceitável, o suficiente para a nossa Rede de Distribuidores manter seu nível de negócios”. Jardim disse também que a montadora manterá os planos de investimentos, de 300 milhões de reais em produtos e na modernização dos processos de produção, no ciclo de 2007 a 2011.

Reinaldo Serafim, gerente de vendas de caminhões Volvo da linha VM, lembrou que a montadora vendeu 245 unidades em janeiro deste ano, sendo 128 da linha VM e 117 da FH. “Trata-se de um resultado esperado para esta nova realidade do mercado, ainda bastante incerta neste início de ano”, justificou. Para ele, a redução na alíquota de IPI ajudou a alavancar as vendas de caminhões, principalmente no varejo. “A redução do IPI pelo governo contribuiu para concretizar negócios com clientes que ainda estavam indecisos”, disse. As vendas foram equilibradas para todos os segmentos não havendo destaque de volume para um determinado segmento.

Serafim: diante da realidade, o resultado de janeiro era esperado
Serafim: diante da realidade, o resultado de janeiro era esperado

Como seus colegas das outras montadoras, Serafim admitiu que ainda é muito cedo para fazer qualquer previsão sobre como ficará o mercado de caminhões este ano. Porém, adiantou que estão acontecendo contatos de vendas e fechamento de negócios, mostrando que vários setores estão mantendo os investimentos programados.

A Iveco, por sua vez, fechou o mês de janeiro com 411 unidades comercializadas, uma alta de 37% nas vendas em relação a dezembro, que ficou em 300 veículos. De acordo com Alcides Cavalcanti, diretor comercial da montadora, o setor de pesados foi o que mais vendeu, com 195 unidades, contra 132 no mês de dezembro de 2008. “A alta, de 47,7%, consolida a quarta posição da Iveco no segmento”, disse Cavalcanti, acrescentando que a marca obteve bom desempenho também no segmento de semileves, com a linha Daily, que vendeu em janeiro 114 unidades, contra 56 no mês anterior, registrando uma alta de 103% nas vendas.

Cavalcanti: taxas de juros baixas facilitaram as vendas
Cavalcanti: taxas de juros baixas facilitaram as vendas

Outro ponto destacado por Cavalcanti são as vendas a varejo, facilitadas por meio de ações como a taxa de 0,69% aplicada pelo Iveco Capital para negócios via Finame. Ele acrescenta que segundo dados do Banco Central, é a mais baixa praticada pelo mercado, indicada no ranking da instituição. “O Iveco Capital, braço financeiro da Iveco, está em operação há apenas oito meses e já vem ganhando participação crescente nas vendas da montadora. Em janeiro deste ano, chegou a responder por 24,2% das vendas da marca”, acrescentou. Desde que começou a operar, em junho de 2008, a instituição já acumula 12% das vendas totais da Iveco. “Com o Iveco Capital aumentamos nossa agressividade comercial e nossa flexibilidade. E isso aconteceu no momento certo, porque o crédito ficou mais difícil a partir de outubro do ano passado”, concluiu. A produção total de janeiro de 2009 foi de 7.566 caminhões, sendo 332 Semileves, 1.779 Leves, 851 Médios, 2.535 Semipesados e 2.069 Pesados.

VENDAS
(Janeiro 2009)
Agrale
36
Ford
1.314
Iveco
411
Mercedes-Benz
1.742
Scania
306
Volkswagen
2.546
Volvo
244
Outra marca
70
Total
6.699