Dirigir com sono é tão perigoso quanto embriago. O alerta é o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP). Estudo conduzido pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) mostra que até 20% de todos os acidentes de trânsito estão associados à sonolência.

Segundo os resultados da pesquisa, lançada em março, os horários com mais incidência de acidentes são durante a madrugada e após o almoço.

A pesquisa, que entrevistou 495 pessoas, mostra que 40% dos participantes afirmaram que já ziguezaguearam na estrada e metade já parou na via por sentir sono.

Entre os entrevistados, 61% assumiram que costumam dirigir no dia seguinte a uma péssima noite de sono. Cerca de 10% das pessoas afirmaram dirigir com sono e 23% o fazem de 2 a 3 vezes por semana.

O Detran.SP orienta que os motoristas só dirijam se tiverem condições para isso. “Assim como os acidentes causados em decorrência do consumo de bebida alcoólica, os acidentes ocasionados pelo sono podem e devem ser evitados. Para isso, é preciso conscientização dos motoristas. É importante que o cidadão sempre conduza seu veículo com segurança”, ressalta o diretor-presidente do Detran.SP, Maxwell Vieira.

A partir da pesquisa, a ABN se uniu com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) para promover a campanha “Não dê carona ao sono”. A ação visa reduzir os acidentes, principalmente nas estradas, e conta com o apoio do Detran.SP.

É importante destacar que:

  • Ar frio, tomar água ou ouvir música alta não resolvem o problema para quem está com sono, tendo, no máximo, efeito por poucos minutos. “Mesmo recorrendo a medidas paliativas, como tomar café, o motorista está sujeito a micro sonos, de 4 a 5 segundos”, diz o neurologista Gilmar Fernandes do Prado, presidente da Academia Brasileira de Neurologia.
  • Pode parecer pouco, mas nesses segundos, em alta velocidade, percorre-se uma distância considerável sem prestar atenção no trânsito. “Se estiver a 120km/h, é dificílimo parar o carro e, ao despertar, a chance de acidente é enorme. Em 10 metros você já sai da estrada e cai em uma ribanceira ou pode atravessar a pista e bater de frente em um veículo que trafega em direção oposta nas inúmeras de nossas estradas que ainda não contam com divisórias, ou mesmo se chocar contra uma dessas barreiras”, ressalta Prado.
  • Um motorista com sono sente dificuldades em manter os olhos abertos e focados, além dos pensamentos ficarem vagos e desconexos. O condutor começa a piscar mais lentamente, e sente dificuldades em manter a mesma velocidade, podendo até sair da pista. Não notar sinalizações, retornos ou errar o caminho também podem ser consequências da privação do sono.
  • O que realmente funciona é não pegar o volante com sono, evitar dirigir por períodos longos sem parada, viajar sozinho depois de uma noite mal dormida ou após um longo dia de trabalho. Também é importante observar a bula de remédios para não dirigir após tomar medicamentos que têm como efeito colateral a sonolência e, em hipótese alguma, dirigir após consumir bebida alcoólica.